«Vila Franca de Xira é o lar natural» do único museu, no mundo, dedicado ao neo-realismo, assegura Manuela Ralha. A vereadora da Câmara Municipal com o pelouro da Cultura explica a razão da localização. Foi no concelho que irrompeu, em meados dos anos 30 do século passado, a grande força do movimento nacional, inspirado pela revolução russa.
Manuela Ralha, vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Assentava numa visão oposicionista e contestatária do Estado Novo. De Vila Franca são alguns dos autores portugueses do movimento. Ao concelho convergiam muitos neo-realistas de todo o mundo para investigações de campo «nas salinas, nas fábricas, nos telhais, nas lezírias, no rio», adianta a vereadora.
A oposicionista e contestatária do regime do Estado Novo é tónica na obra dos autores nacionais
O neo-realismo é uma corrente estética de consciencialização política e intervenção social que atravessa todas as áreas da arte, retratando o que é real. Interessa-se pelo escrutínio da vida comum do povo, dos seus sonhos e anseios. O movimento denuncia as condições socioeconómicas em que as pessoas vivem, permitindo-se sempre apresentar a esperança num futuro melhor.
Cartazes de cinema de filmes enquadrados na corrente estética neo-realista.
No espólio «do grande centro mundial do neo-realismo» cruzam-se todas as áreas da expressão artística da época e contemporâneas. No espaço em exposição, procura-se explicar e contextualizar o movimento, através da mostra permanente, intitulada “Batalha Pelo Conteúdo”.