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5 maio 2018
Texto de Hugo Rodrigues (pediatra) Texto de Hugo Rodrigues (pediatra)

Trabalhar não é pecado

​​​​​​Maternidade feliz no século XXI.

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O regresso ao trabalho depois da licença de maternidade é sempre um momento difícil para as mães. É importante encarar esta etapa como normal, para se poder lidar com ela de forma saudável.

O primeiro embate é relativamente ao aleitamento materno. Para as mães que amamentam e pretendem manter a amamentação exclusiva até aos seis meses, seguindo as recomendações clínicas mais actuais, regressar ao trabalho aos quatro meses (ou antes) pode não ser fácil. Se está nessa situação, aqui ficam duas sugestões para a ajudar a resolver o problema:
  • ​Tente retirar algum leite durante os primeiros meses e vá congelando. Assim, vai conseguir fazer um stock que lhe dará mais liberdade quando voltar ao trabalho
  • Aproveite a redução de horário a que tem direito. Este ponto é muito importante, porque teoricamente deveria ter uma hora de manhã e uma hora de tarde para a amamentação. Se conseguir essa flexibilida​​​​​de de horário vai ver que vai ajudar. Infelizmente nem todas as pessoas o conseguem, mas é um direito pelo qual vale a pena lutar

O segundo aspecto está relacionado com a escolha da pessoa que vai ficar com o bebé. O ideal é encontrar uma solução que lhe dê segurança. Tem de confiar nas pessoas, seja a avó, uma ama ou uma creche. Se não for assim vai ser uma angústia enorme. Isto é válido para osquatro meses, mas também para todas as outras idades.

Por fim, uma palavra para o sentimento de culpa que muitas vezes assola as mães quando vão trabalhar, por não poderem ficar mais tempo com os filhos. O trabalho é importante, seja em termos económicos, seja pela realização pessoal. O mais importante é estar tranquila em relação a essa decisão e encontrar um lugar onde o seu filho fique bem-disposto e feliz. E, mais importante ainda, é organizar o seu dia-a-dia para poder ter tempo de qualidade com o bebé para brincarem e usufruírem bem um do outro, quando o for buscar à escola. Esse tempo é fundamental para a vossa felicidade e indispensável para todos.


[Sílvia Sousa]
O meu filho tem quatro meses e começou a frequentar a creche esta semana. Não se adaptou ao biberão. Por enquanto só toma leite materno e sopa. A minha dúvida é qual o timing adequado para introduzir a papa e a fruta. Qual a rotina ideal de alimentação durante o dia? E na sopa, o que posso ir colocando até aos 12 meses? Há legumes que não são aconselhados?
A partir do momento em que está bem adaptado à sopa, pode introduzir a fruta (geralmente bastam três a cinco dias). Quando estiver bem adaptado à fruta, pode começar com a papa. Em relação aos legumes, até aos nove meses deve evitar-se o nabo, espinafre, beterraba e aipo, bem como as leguminosas. Posteriormente pode ir introduzindo todos aos bocadinhos.

[Sara Moniz]
Sou vegana há cerca de um ano e custou-me muito quando a minha filha introduziu carne, peixe, ovos e iogurtes. Eu e o meu marido não estamos de acordo com o tipo de alimentação que a nossa filha deve ter. Agora com 18 meses gostaria que fizesse algumas refeições veganas. Já li muito sobre o assunto, não desejo nada que prejudique a minha filha. Pode dizer-me a sua opinião sobre esse tipo de alimentação em bebés?
A opção por uma dieta vegetariana para bebés é um tema muito actual, de grande debate e para o qual não existe muito consenso. No entanto, as recomendações da Sociedade Europeia de Nutrição Pediátrica são claras: não se deve fazer uma dieta restritiva a crianças pequenas, particularmente até aos dois anos de idade. Isto significa que devem contactar com fontes de proteína vegetal, mas também animal. No entanto, não quer dizer que não faça refeições apenas de origem vegetal, desde que haja equilíbrio. Como a sua filha tem 18 meses, penso que isso é possível, sem grande dificuldade e sem risco acrescido de nenhuma carência, desde que vá dando também algumas refeições com proteína animal. De qualquer forma, se a vossa opção for a adopção de uma dieta vegan, penso que o ideal seria contactar um nutricionista que tenha experiência nessa área, de forma a tentar minimizar o efeito das restrições alimentares no crescimento e desenvolvimento da sua filha. Pode ser possível, mas deve ser feito com supervisão de um prof issional de saúde nesta fase.



[Sandra Lopes]
O meu filho tem 21 meses e desde sempre (agora mais) rejeita o pai, que é carinhoso com ele. Tenta aproximar- -se mas ele rejeita-o de tal forma que é impossível uma aproximação. Fica bem com os avós, com outras pessoas, mas com o pai não. Quando estou perto só me quer a mim e chora como se não  houvesse amanhã. Por mais tentativas de distracção que o pai faça, ele só pára de chorar quando eu me aproximo. Não sabemos mais o que fazer, para além de estar a ser extremamente desgastante para mim, pois não consigo descansar um minuto, tenho de fazer tudo (dar banho, preparar a comida, adormecer, limpar o nariz). O pai está a ficar muito em baixo com esta situação.
Essa situação é transitória, não se preocupe. O mais importante é tentarem manter a calma e, sem forçar, proporcionar momentos agradáveis entre pai e filho. Vai ver que com o tempo tudo se vai resolver naturalmente. 

[Tânia Portela]
Tenho uma criança de oito anos que há quase duas semanas se queixa de dores de barriga situadas na zona do umbigo e vomita aproximadamente de três em três dias. Sempre sem febre. Não tem apetite e fica muito prostrada. Depois de uma ida às urgências e de ter sido feita uma radiografia, detectaram gazes e fezes, tendo sido feito de imediato um clister. Funcionou uns dias e voltou ao mesmo. Decidi marcar uma consulta para um gastroenterologista  pediátrico e retirar os leites ou derivados que contêm lactose. A minha questão é... o que posso mais fazer até ter consulta?
Com essas queixas, acho lícito experimentar trocar o leite por um leite sem lactose, para ver se melhora. Se não melhorar pode ser necessário fazer algum tipo de exame, mas mudaria a alimentação primeiro. 

[Liliana Tavares]
Sou mãe de três filhos lindos e cheios de saúde. Dois são fruto de um relacionamento anterior. O meu filho mais velho tem oito anos e tem tido um comportamento extremamente frio. Digo frio pois na escola é mal- -educado com a professora, não obedece. Com os colegas é um pouco agressivo, não presta atenção às aulas. Não quer saber de nada a não ser brincar e fazer o que quer. Uma das respostas que me deixou chocada foi ele dizer ao professor: «Eu não tenho pai, por isso não me importo com nada». Ele já não vê o pai há um ano e pouco e, por isso, sinto que a ausência o está a afectar. Os dois (pai e filho) sempre foram muito próximos mas, com a separação, o pai decidiu nunca mais ver os filhos. Já não sei o que fazer para minimizar esta situação.
É uma situação muito delicada. Acho que o mais lógico é tentar conversar com o pai e chamá-lo à realidade. Sei que nem sempre é fácil, mas nesses casos têm que ser os adultos a assumir a responsabilidade das suas acções. Até porque acredito que essa decisão também não seja fácil para ele. Se mesmo assim não resolver, penso que pode ser prudente uma observação por um psicólogo, pois é um quadro que se arrasta há algum tempo e está claramente a perturbá-lo.

Pergunte ao pediatra:
O dr. Hugo Rodrigues responde.​
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