Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
30 março 2023
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Oleirinha Vídeo de André Oleirinha

Vidas a secar peixe

​​​​No Museu do Peixe Seco conhecem-se as histórias que deram identidade à Nazaré. 

Tags
​No Museu do Peixe Seco, em pleno areal da praia da Nazaré, aprende-se mais do que a tradição que permitia conservar o peixe para alimentar as famílias nos meses de Inverno. De sorriso largo, as nazarenas partilham com prazer estórias das suas vidas, que ilustram a vida dos pescadores. 

Rija e bem-disposta, Francelina Quinzico vem de uma família de pescadores e o marido, António, andou na pesca do bacalhau e na pesca submarina. «Tudo gente do mar», diz com orgulho. Aos nove anos já trabalhava numa loja e, para ganhar mais algum, ia para a praia mendigar aos turistas, com a sua sainha rodada. Repartia, com os pais e dez irmãos, uma casinha de pescadores que mais não era que uma cozinha comprida, duas camas em baixo e um sótão em cima. «A vida era difícil, as pessoas agora vivem chorando de barriga cheia», desabafa. Na memória traz a alegria e a liberdade das brincadeiras infantis na praia e no pátio da «cabana do pescador». 

Francelina teve muitos trabalhos, foi empregada numa fábrica de bolos e até arraiolos fez para vender. Aos 21 anos, já com os dois filhos nascidos, passou a acompanhar a sogra na venda do peixe seco. «Ia às terras vender o peixe, com os costados à cabeça», explica. É a sua vida há 45 anos. Acorda às quatro ou cinco da manhã para comprar o peixe na lota, amanha-o, acarta-o em carros de mão e estende tudo no estendal. Duas vezes por semana vai vender para os mercados de Pataias e Porto de Mós. É «uma vida muito presa», que lhe deixa pouco tempo até para a família, mas não se lamenta: «se a minha mãe me tivesse deixado dez casas não tinha nada para contar», ri.  ​

 


Notícias relacionadas