«Este é o Real Santuário de Santa Maria da Nazaré, o grande santuário mariano da monarquia portuguesa, visitado por quase todos os reis portugueses», explica Júlio Almeida, funcionário do santuário gerido pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. No teto é visível a heráldica régia e, entre as oferendas reais, conta-se um calvário flamengo oferecido por D. Leonor, em 1520.
A estória que levou à criação deste santuário é mais antiga que a da nação. Tudo começou com uma imagem da virgem Maria que atravessou meio mundo, desde a Palestina até à Nazaré, onde terá chegado no século VIII, transportada pelo rei visigodo Rodrigo e pelo abade Frei Romano, onde permaneceu escondida numa gruta durante 400 anos, até ao milagre ocorrido em 1182. Conta a lenda que, numa manhã de nevoeiro, Nossa Senhora da Nazaré fez estacar o cavalo de D. Fuas Roupinho, à beira de um precipício, enquanto este perseguia um veado, salvando, por um triz, a vida do alcaide-mor do castelo de Porto de Mós.
Imagem de Nossa Senhora da Nazaré, que deu o nome à terra
Em agradecimento, o fidalgo mandou resgatar das rochas a imagem da virgem e erigir, em sua honra a Capela da Memória. A lenda tornou-se tão popular e atraiu tantos peregrinos à Nazaré que, no século XIV, o rei D. Fernando decidiu mandar construir ali um santuário, o que intensificou a peregrinação. Há registos que dão conta de 20 mil peregrinos no largo do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré durante o período das festividades no século XVIII. Foi o auge da Nazaré como o centro do culto mariano em Portugal.