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29 dezembro 2022
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Vamos lá deixar de fumar

​​​​A vitória contra o hábito está na sua cabeça. Procure ajuda e ganhe mais anos de vida saudável.​

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O hábito de fumar é totalmente desaconselhado e há três bons motivos para parar: é caro, cria dependência e causa doença.

Algumas das numerosas doenças decorrentes deste hábito ocupam os lugares cimeiros do ranking das mais mortíferas. É o caso das doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e do cancro, sobretudo o do pulmão (o órgão que recebe diretamente os produtos químicos do fumo do tabaco) e o da bexiga (por onde são eliminados). Dito por outras palavras, fumar estraga os vasos sanguíneos, destrói o pulmão e provoca cancro. O fumador viverá, em média, menos dez anos do que seria expetável. É o que acontece todos os anos a cerca de oito milhões de pessoas. 

Quanto à dependência, ela é provocada por um alcaloide contido na folha do tabaco, a nicotina que, segundo alguns, provoca uma dependência igual à de outros alcaloides mais poderosos, como a cocaína.

Deste cenário retiram-se duas premissas:
  1. Quem fuma prejudica seriamente a sua saúde; 
  2. Ajudar os fumadores a deixar de fumar é uma tarefa médica prioritária. É por isso que a Fundação Portuguesa do Pulmão defende a existência de consultas de cessação tabágica em todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Para um fumador, deixar de fumar está no topo das prioridades, mas esse processo começa pelo próprio.

Comece pela informação. Por exemplo, se for à Internet e pesquisar “deixar de fumar ― SNS 24” encontra um excelente conjunto de informações e conselhos que pode ler ou ouvir. Vai ver que vai ser útil. A informação é essencial para a tomada de uma decisão.

A seguir, treine a sua motivação, o elemento fulcral no processo de deixar de fumar. Elabore uma lista de motivos que para si justificam a decisão de deixar de fumar. Por exemplo, poupança de dinheiro (podemos falar de uma média de 1.500€ por ano), saúde oral, os dentes vão ficar mais brancos; a pele e os cabelos menos baços; vai sentir-se menos cansado e, sobretudo, vai ter mais saúde e viver mais anos.

Escreva e leia diariamente. Reconheça as situações que desencadeiam em si o ato de puxar pelo cigarro e evite-as. Este truque, associado à atividade física regular e à marcação de um dia que tenha significado para si ― o dia D para deixar de fumar ― têm ajudado muitas pessoas a ter sucesso nesse objetivo.

Se mesmo assim não obtiver resultado, peça ajuda médica. Depois de aferir o seu grau de motivação e de dependência nicotínica, o médico delineará um tratamento específico para si. Este é composto por dois tipos de medicação: um para retirar a vontade de fumar, outro que substitui a nicotina em falta.

Relativamente ao primeiro grupo, destacam-se dois fármacos com uma boa taxa de sucesso: o bupropiom e um produto natural ainda com poucos estudos científicos, mas que revelou uma boa eficácia: a citisina.

Quanto à terapêutica de substituição de nicotina, consiste em administrar esta substância sob a forma de pensos transdérmicos ou pastilhas, e tem como objetivo evitar o aparecimento da síndrome de abstinência, cujos sintomas são a principal causa de recaída (tristeza, insónia, irritabilidade, dificuldade de concentração, nervosismo, vontade de comer e desejo imperativo de fumar).

Com esta abordagem, a maioria das pessoas tem sucesso. Outros, a minoria, vão recair e voltar a fumar. Para estes, uma palavra de estímulo: não considere isso uma derrota, mas apenas uma tentativa que falhou. Vão surgir outras oportunidades. Numa delas vai sair vencedor.

Vai acabar por ganhar a sua guerra contra este hábito tão nocivo para a saúde, a sua e a dos outros.

Mas não se esqueça: a vitória contra o hábito de fumar está na sua cabeça!
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