Dormir mal gera distúrbios do sono, dos quais o mais grave é o síndrome da apneia obstrutiva do sono. A doença caracteriza-se por paragens da respiração durante o sono – apneias – geralmente associadas a roncopatia – ressonar. É causada pelo colapso e obstrução das vias respiratórias, que impedem a passagem do ar. Tem significado clínico quando as paragens respiratórias duram mais de dez segundos e sucedem-se mais de cinco vezes por hora.
Os principais factores de risco são o excesso de peso e a obesidade. O tabagismo, a ingestão de álcool, o consumo de medicamentos (sedativos, indutores do sono e relaxantes musculares) e alterações anatómicas da faringe, como o aumento das amígdalas e das adenóides (sobretudo em crianças) podem também causar a doença. A maioria dos doentes não se apercebe do problema. Há sintomas indicadores: dor de cabeça matinal, excesso de sono durante o dia, despertares recorrentes, episódios de sensação de asfixia nocturna, sono não reparador, fadiga diurna e diminuição da concentração.
O diagnóstico faz-se através de um exame: o estudo poligráfico do sono nocturno, que permite saber se há roncopatia, o número de apneias em cada hora, o número de vezes em que o oxigénio baixa no sangue e se há ou não uma situação muitas vezes associada: as pernas inquietas.
As apneias nocturnas provocam alterações para além da esfera respiratória. Há deficiente oxigenação do sangue, com reflexos em todo o organismo, desde o défice de memória até à impotência sexual. A hipersonolência diurna afecta a vida social, familiar e profissional, para além de estar na origem de acidentes de viação – estes doentes têm, em média, sete vezes mais acidentes de viação. Ao nível do aparelho cardiovascular, verifica-se a subida da tensão arterial e o aparecimento de arritmias, que podem levar a acidentes isquémicos, por vezes fatais. Os doentes com síndrome de apneia do sono têm maior probabilidade de morte súbita enquanto dormem.
Perder peso, evitar beber álcool e deixar de tomar sedativos são as primeiras medidas a tomar. Dormir de lado ou com a cabeceira elevada também ajuda.
Quando o problema se torna mais grave, o tratamento é feito através de um pequeno ventilador – CPAP – que, através de uma máscara nasal ou facial, introduz nas vias aéreas superiores ar sob pressão, impedindo assim o seu colapso. O sono melhora, as apneias diminuem ou desaparecem, reduz-se a sonolência diurna, melhora a performance da condução de veículos, a memória, o humor e os parâmetros cardiovasculares.
Os efeitos adversos, como a obstrução nasal, secura das mucosas, hipersecreção ou hemorragia nasal, inflamação dos olhos, ou lesões cutâneas provocadas pela máscara, têm solução fácil, não justificando a interrupção. O tratamento faz toda a diferença e assegura a qualidade do sono.