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2 maio 2024

Útero descaído

É uma doença pouco conhecida, mas vivida por cinco a dez por cento das mulheres.​

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Texto de Alexandr​e Ambrósio​ | Coordenador da Unidade do Pavimento Pélvico e Uroginecologia, Hospital CUF Tejo

O prolapso uterino, ou prolapso apical, carateriza-se pelo deslizamento do útero para a vagina e, posteriormente, para o exterior. Pode ocorrer de forma isolada ou associado ao prolapso das paredes da vagina, resultante da fraqueza dos ligamentos e músculos que têm como objetivo manter estes órgãos no lugar. Também pode estar associado à incontinência urinária, que não deve ser considerada normal, em nenhuma circunstância.

Estima-se que 5% a 10% das mulheres têm sintomas relacionados com esta doença, sendo a sensação de ‘bola’ na vagina e pressão na região pélvica os mais comuns. Destacam-se ainda a perda de sangue, por ferida dos órgãos descaídos, o corrimento vaginal, dificuldade em urinar, infeções urinárias de repetição e a necessidade de tocar na zona genital para fazer as necessidades. 
São vários os fatores de risco associados, sendo a idade um dos principais. À medida que a idade avança, a incidência aumenta. Este fator tem cada vez maior relevância, dado o aumento da esperança média de vida das mulheres nas últimas décadas. 

O número de gravidezes e o tipo de parto constituem outros fatores de risco relevantes. Comparativamente com as mulheres que não têm filhos, o risco de prolapso aumenta quatro vezes no primeiro parto, e dez vezes, após o quarto. O parto vaginal está associado a um risco maior. 

O excesso de peso, a obstipação, a doença pulmonar obstrutiva crónica, o tabagismo, a remoção do útero e profissões em que é necessário usar força são condições igualmente de risco.
Perante um ou mais sintomas, a mulher deve procurar imediatamente a ajuda de um ginecologista, que, após o diagnóstico, vai referenciar para uma equipa de Uroginecologia. 

O diagnóstico do prolapso uterino é clínico, através da observação vaginal. Em certos casos, pode exigir exames auxiliares de diagnóstico, como a ecografia ginecológica ou a ressonância magnética.

Após um diagnóstico cuidado do tipo de prolapso e da sua gravidade, é necessário decidir o tratamento, que pode ser conservador ou cirúrgico. A terapêutica conservadora tem como objetivo prevenir o agravamento do prolapso e melhorar os sintomas. Também está indicada para mulheres com prolapsos graves, quando não têm condição física para suportar a cirurgia. 

A cirurgia é a terapêutica de eleição para os prolapsos mais graves e sintomáticos, ou aqueles em que a terapêutica conservadora falhou. É fundamental que seja realizada por cirurgiões experientes em Uroginecologia, utilizando técnicas minimamente invasivas (cirurgia vaginal, laparoscópica ou robótica), tendo em conta o tipo de prolapso e a sua gravidade, a condição física e, principalmente, as preferências e expectativas da mulher.
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