Cláudia gosta de olhar para a vida com optimismo. «A minha forma de estar é um bocadinho fora do comum da maioria dos doentes», admite. E explica: «Eu tenho uma abordagem extremamente positiva e sinto que isso faz a diferença». Por isso considera que ajudar outros doentes faz parte do seu papel – uma responsabilidade que acarreta de bom grado.
Em 2017, promoveu uma campanha de crowdfunding que tinha como objectivo angariar fundos para levar os jovens associados da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI) a um encontro em Espanha. A ideia era transformar os 113km da prova de triatlo Half Ironman em 1.130€. «Senti que as pessoas se identificaram muito com essa campanha», começa por dizer. E continua: «Até recebi mensagens de doentes a perguntar “Como é que tu consegues gerir isso? Como é que consegues treinar? Não tens sono? Não tens dores de barriga?”». Dúvidas que a atleta fez questão de esclarecer, não do ponto de vista clínico, mas com base na sua própria experiência e no seu historial desportivo.
Também o doutoramento, que concluiu este ano, serviu de mote para ajudar outros portadores de doença inflamatória do intestino. Num estudo realizado com 279 pacientes, a autora analisou a viabilidade da monitorização de indicadores relativos à doença através de uma aplicação para telemóvel. O resultado da investigação reverteu a favor da APDI, da qual é associada. «Eu acho que a doença não é só minha; é dos outros também», explica Cláudia, «e se eu tenho possibilidade e, acima de tudo, conhecimento para os ajudar, porque não dar um passo em frente nesse sentido?».
Com base na sua experiência, deixa um conselho: «Aceitem a doença. Aceitar é o primeiro passo. O resto vem por acréscimo». Para Cláudia, a revolta dificulta o processo de autoconhecimento necessário para aprender a viver com a doença. «A partir do momento em que aceitamos, estamos mais receptivos quer às indicações dos médicos a nível de terapêutica, quer às regras alimentares», garante a atleta.