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1 fevereiro 2024
Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Uma guia entusiasta

​​A ermida que assinala o culto português a Nossa Senhora da Conceição e a presença islâmica em Loulé. ​

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No percurso a pé entre os Banhos Islâmicos e o Café Calcinha, a ermida é mais um marco na história da cidade, e, neste caso, também do reino de Portugal. Após a Restauração da Independência, em que o domínio dos espanhóis terminou, «o Rei D. João IV em agradecimento ofereceu a coroa à Nossa Senhora da Conceição», conta Alda Gonçalves. Seis anos depois, o primeiro rei da dinastia de Bragança, ordenou, em 1646, que se colocasse à entrada das povoações portuguesas uma lápide evocativa da consagração de Maria (Imaculada Conceição) como rainha de Portugal. E esta igreja construída a partir de 1656 é testemunha disso.

Alda Gonçalves é quem recebe os visitantes que descobrem, quase sem querer, a magnífica capela forrada a azulejo, com um opulento altar em talha dourada. 
«Aos nossos pés», alerta a funcionária, está à vista (por baixo de um vidro) parte da muralha islâmica. A reconquista do território algarvio levou tempo e só em 1249 o rei Afonso XIII afugentou os residentes mouros de Al-Úlyá.

A ermida ilustra esses dois momentos de rutura. «Os azulejos são do século XVIII, de 1740, o retábulo, de 1743, é todo de madeira de Monchique e com folha de ouro num estilo barroco», continua a anfitriã. Nas paredes os painéis de azulejos em azul e branco contam a história de Maria até ao nascimento de Jesus. A interpretação que Alda Gonçalves apresenta é que «era uma maneira de ensinar, porque as pessoas nesta época não sabiam ler. Funcionava quase como uma banda desenhada. E temos uma cena rara, a circuncisão de Jesus. Como nasceu judeu foi circuncisado ao oitavo dia». O entusiasmo e conhecimento da funcionária sobre a história da ermida levaria a acreditar que fez estudos na matéria. «Tenho o 9.º ano de escolaridade. Há pessoas que pensam que tenho uma grande formação, mas sou apenas uma assistente operacional», explica. Em 2009, quando se abriu a ermida ao público depois de um grande restauro, Alda saiu da oficina de encadernação da Câmara onde sempre trabalhara para a ermida. «A partir daí fui lendo e aprendendo», conta.
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