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22 dezembro 2017
Texto de Paulo Martins Texto de Paulo Martins Fotografia de Pedro Loureiro/Arquivo Fotografia de Pedro Loureiro/Arquivo

Uma carroça no sapatinho

​​Para as crianças dos anos 30, o menino Jesus ainda era o detentor da patente dos presentes de Natal.

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Uma carroça de madeira, puxada por junta de bois de papelão. João Lopes Ribeiro teria uns sete anos quando encontrou no sapatinho a prenda de Natal que nunca mais esqueceu. A recuperar de uma dolorosa operação à garganta – gelo na boca à laia de anestesia; lençol a servir de camisa de forças – estava mesmo a precisar de um miminho.

O velhinho de barba branca só entrou mais tarde neste filme. Em meados dos anos 1930, era o Menino ​​Jesus que detinha a patente dos presentes. Lopes Ribeiro admite que o Natal não foi marcante na sua infância. De prendas, também regista um cavalo de papelão. «Estou a vê-lo: assente num estrado de madeira com rodas, tinha rabo e crina, arreios de cabedal. E até podia montá-lo!». A memória mais impressiva, todavia, é a «amizade e o carinho, melhores do que brinquedos».

A família alargada, que incluía oito primos, passava sempre pela sua casa, na Ajuda, mas à mesa da consoada só tinha a companhia dos pais. Em tempos de vida dura – «não a passar fome, mas a contar os escudos» – banquetes eram para gente de outras posses. Por serem mais baratos do que calças e sapatos, até no Inverno o pequeno João andava de calções e sandálias.
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