Um antibiótico é uma substância natural ou sintética que tem a capacidade de inibir a multiplicação e destruir as bactérias causadoras de infeções. Falamos de resistência aos antibióticos quando estes perdem essa habilidade, ou seja, na sua presença, os microrganismos não são destruídos, continuam a multiplicar-se e a agravar a infeção.
Há vários fenómenos na base da resistência aos antibióticos. Em primeiro lugar, os mecanismos naturais dos próprios microrganismos, que, para sobreviver, aprendem a tolerar estes fármacos.
Em segundo lugar, estamos de forma frequente e inadvertida a ingerir antibióticos, porque eles são usados, muitas vezes sem o devido controlo, na criação de gado, na piscicultura, e noutros setores da indústria alimentar. Esta realidade é, também, um fator de indução da resistência.
Mas a principal causa está no uso inadequado ou incorreto dos antibióticos. A automedicação, a sua utilização em situações em que eles não estão indicados (constipações, resfriados, gripe ou outras viroses), ou o não cumprimento da posologia diária ou do tempo total de tratamento são alguns exemplos.
Este é um problema que está em crescendo em todo o mundo, tornando ineficazes muitos tratamentos anti-infeciosos, o que obriga à utilização de antibióticos alternativos, mais potentes, mas também mais caros e mais tóxicos.
Existem mesmo algumas bactérias, como os estafilococos e os colibacilos, que se mostram já resistentes a todos os antibióticos disponíveis. São, por isso, chamadas de superbactérias, perante as quais é como se regressássemos à era pré-antibiótica, quando ainda não havia estes medicamentos para tratar as doenças infeciosas, então a principal causa de mortalidade entre os seres humanos.
A solução para o problema tem várias com- ponentes, mas há que respeitar regras muito precisas aquando da sua utilização. Tanto por parte da medicina veterinária e da indústria alimentar, como dos médicos e dos doentes. Relativamente aos últimos, há comportamentos muito simples que contribuem para que as bactérias não adquiram resistência a estes medicamentos. Por exemplo:
- ADOTE HÁBITOS DE HIGIENE que diminuirão a probabilidade de infeções e, assim, a necessidade de tratamentos com antibióticos: lave frequentemente as mãos com água e sabão, e cozinhe bem os alimentos;
- USE AS VACINAS DISPONÍVEIS PARA EVITAR INFEÇÕES. Quanto menos infeções, menos antibióticos;
- DIGA NÃO À AUTOMEDICAÇÃO. Nunca tome antibióticos por sua iniciativa. Os antibióticos só devem ser tomados quando forem prescritos pelo seu médico;
- RESPEITE A POSOLOGIA que lhe foi aconselhada: tome o antibiótico às horas que lhe foram indicadas;
- CUMPRA O PRAZO DE TRATAMENTO que lhe foi prescrito: não pare a toma antes do tempo que lhe foi indicado, mesmo que já se sinta melhor;
- NÃO INTERROMPA O TRATAMENTO no caso de sentir algum tipo de intolerância ao antibiótico. Avise o seu médico e cumpra as indicações que ele lhe der.
Com estas medidas estará a dar um importante contributo para que não se amplie este grave problema de Saúde Pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050 assistiremos a um número cada vez maior de infeções provocadas por estas superbactérias, que se tornarão, então, uma das principais causas de morte para os seres humanos.
SABIA QUE…
…O PRIMEIRO ANTIBIÓTICO DA HISTÓRIA, A PENICILINA, FOI DESCOBERTO POR ACASO?
A sua origem, em 1928, está num esquecimento. O bacteriologista escocês Alexander Fleming não arrumou a mesa de trabalho antes de ir de férias e, no regresso, encontrou alterações às experiências que vinha conduzindo. A descoberta abriu a porta ao surgimento de mais de 120 novos antibióticos que são hoje utilizados para tratar e curar a grande maioria das infeções. Pode ver uma das culturas originais de Fleming no Museu da Farmácia, em Lisboa.