Como começa os seus dias?
Sou prática e não sigo todos os cuidados que se esperaria de uma mulher de 40 anos. Normalmente faço um banho básico, aplico hidratante e tomo a medicação para a tiróide. Tento ser rápida porque gosto de dormir o máximo possível.
Considera que tem uma alimentação saudável?
Tenho uma alimentação saudável porque é consciente. Estou consciente dos erros que vou cometendo, mas vou equilibrando. Se num dia como uma sobremesa mais especial ou com mais açúcar, no dia seguinte tenho mais cuidado. Hoje, tenho consciência do que faço, ao contrário de quando era mais nova e menos consciente.
No fundo, tento focar-me mais no equilíbrio do que em seguir regras rígidas.

A atriz chegou a viver em Nova Iorque, onde aprendeu a importância de ouvir o seu corpo
Torna-se difícil, com a profissão de atriz?
Sim, porque muitas vezes temos pouco tempo. Por exemplo, beber água pode ser complicado devido à logística da casa de banho, ou quando estou a fazer teatro tenho de adaptar os horários das refeições. Há momentos em que tenho de fazer o jantar mais cedo ou mais leve, mas depois fico com fome e tenho de equilibrar para não comer demais antes de dormir. A minha rotina varia muito, e tenho de encontrar o equilíbrio no meio desse desequilíbrio.
Dificulta também a prática de exercício físico?
Agora estou a tentar ser regrada e praticar exercício pelo menos duas vezes por semana, mesmo quando estou de rastos, nem que seja às 20h, que é uma hora de que não gosto.
Tenho a ajuda de um personal trainer para ter esse compromisso e não falhar. Faço pilates, musculação, corrida e uma mistura de técnicas para estimular o corpo e a mente, sem tornar a prática monótona. Houve um período em que não treinei quase nada por um mês e meio ou dois e senti dores devido à escoliose. O exercício dá-me energia e boa-disposição, mesmo quando estou cansada.
E como funciona a rotina da maternidade, considerando a rotina de trabalho?
Consigo equilibrar porque a maternidade é partilhada com o meu marido. Há momentos em que ele está mais presente em casa, e outros em que eu consigo compensar. É uma questão de diálogo e de gerir as necessidades de cada um. Lidar com a culpa da maternidade é real, especialmente quando trabalho muito. Mas acredito que ser uma mãe realizada, feliz e equilibrada é o melhor exemplo para o meu filho.

Benedita Pereira considera que as redes sociais são uma ferramenta essencial, mas também um território cheio de desafios e armadilhas, que exigem consciência e equilíbrio
Os hábitos saudáveis passam para o seu filho?
Nós tentamos! Mudámos recentemente para um local com mais Natureza, em Sintra, para ele ter mais contacto com o exterior. A alimentação saudável em casa é prioritária, mas também há espaço para experimentar novas coisas fora. Tento ser o exemplo, comendo mais fruta à frente dele e diversificando a alimentação.
Costuma fazer check-ups?
Normalmente faço um check-up anual, especialmente devido à tiroide. Acredito muito na medicina preventiva. Os meus pais sempre foram rigorosos com os check-ups e a ouvirem o corpo. Isso faz-me valorizar a prevenção, e tento transmitir essa consciência ao meu marido e à minha família.
Nesse contexto, as farmácias têm um papel importante na sua vida?
Têm um papel muito importante na minha vida. Houve uma altura em que ia mais à farmácia do que ao supermercado, sobretudo com o nascimento do meu filho. Antes, tinha a minha farmácia em Arroios, que conhecia toda a minha família, sabia exatamente o que se passava, acompanhava-nos de forma personalizada. Agora, mudei de casa e ainda estou a habituar-me a outra farmácia, mas continuo a valorizar muito essa proximidade e confiança. Especialmente com crianças, a farmácia é um suporte enorme. Senti isso quando o meu filho entrou na creche. É um apoio que se sente e que faz toda a diferença.

Benedita Pereira foi a protagonista da primeira temporada da série juvenil "Morangos com Açúcar", na TVI
Sente pressão em relação à imagem corporal?
Sim, há pressão, sobretudo na televisão. No teatro é diferente, não sentimos tanto essa exigência porque há espaço para todo o tipo de corpos. No cinema e na televisão, a ditadura da juventude e da estética é mais evidente.
Quando era mais nova, vim para Lisboa sozinha, comia de tudo e engordei um pouco. Nessa época, ouvi comentários sobre o meu corpo e senti a pressão de emagrecer. Hoje, tenho uma carapaça mais forte: sei que o mais importante é sentir-me bem no meu corpo. É claro que todas temos questões sobre a aparência, mas aprendi a aceitar-me e a cuidar de mim pelo meu bem-estar, e não para corresponder a expetativas externas. Sinto-me agora mais bonita e confortável no meu corpo do que aos 20 anos.
Há algum projeto que a tenha marcado especialmente?
Sim, o espetáculo "Pulmão". Veio de uma vontade minha e permitiu concretizar ideias próprias, abrindo portas para outros projetos. Foi uma lição de coragem e liberdade para criar.
Que objetivos tem para o futuro?
Para mim, a saúde é a prioridade. Sem ela, tudo o resto passa para segundo plano. No ano passado tive um vírus que me deixou com dores articulares e percebi imediatamente que, sem saúde, nada faz sentido. Profissionalmente, que- ro continuar a fazer teatro, produzir espetáculos e concretizar projetos. Não quero esticar-me ao ponto de prejudicar o meu bem-estar. O objetivo é não ter medo de avançar, mas também não esquecer o equilíbrio. Quero realizar-me na carreira, cuidar de mim e, simultaneamente, estar presente para a minha família.