A população com deficiência é «a maior minoria do mundo»: são milhões de pessoas com patologias, necessidades e estórias diferentes. Susana Pinto é uma destas pessoas. A paralisia cerebral diagnosticada aos três meses comprometeu a coordenação motora e a fala. Não consegue deslocar-se pelo seu pé, tem problemas de dicção. Possui pensamento rápido, capacidade reflexiva e de autocrítica e facilidade de expressão. É empática, alegre, optimista, resiliente. O conjunto de características que a definem vai muito além de «pessoa com deficiência».
Alguém pode ser brilhante a tocar piano e totalmente incapaz de cultivar couves, da mesma forma que milhões de pessoas não podem andar, mas têm competências que outros não possuem. O exemplo serve para repensar os conceitos de incapacidade e deficiência, com a consciência de que todos, sem excepção, temos as nossas. «Interessa tirar o foco da deficiência e pô-lo na pessoa», afirma a empreendedora social. Olhar para uma pessoa cega, surda ou numa cadeira de rodas, as imagens típicas que associamos à ideia de deficiência, e ver a pessoa para além da incapacidade concreta. Porque é perigoso falar de “pessoas com deficiência” em abstracto ou criar leis que as favorecem como um todo. «Estamos a falar de quem? Provavelmente não me identifico com aquele todo, nem as minhas necessidades são aquelas», conclui.