A ligação entre avós e netos «é o reconhecimento de um sentimento: o amor de uma mãe ou de um pai pelos seus filhos. Não é um sentimento novo», afirma Isabel Stilwell, jornalista e escritora. Desde o nascimento dos netos, Isabel foi promovendo actividades para os momentos com eles. O livro “O Frasco das Memórias – Avós e Netos” reúne algumas ideias para os momentos em que os avós passam para a retaguarda na relação com os seus próprios filhos.
A sintonia entre pais e filhos facilita uma parceria com papéis bem definidos. «Se os filhos nos sentirem parceiros e não concorrentes, mais fácil será permitirem que nos “cheguemos à frente” na sua ausência», explica esta avó experiente. Quando os pais estão fora, os netos estão mais abertos para os acolherem e os avós mais livres para se relacionarem.
Os netos devolvem a infância aos avós, e estes dão aos netos a serenidade natural e «a capacidade de criarem clareiras nas rotinas aceleradas dos pais», explica a jornalista. Os avós têm outras cartas na manga: a experiência, os erros e os acertos que fizeram com os filhos, distinguindo bem o fundamental do acessório. E sobretudo reagem com menos ansiedade. «Tem um pesadelo e quer ir dormir para a cama dos avós? Óptimo, sabemos que os medos são passageiros», acrescenta. A casa dos avós significa abrir horizontes e as crianças rapidamente percebem o que é permitido em cada casa. Segundo a escritora, o que não é admissível é que os pais queiram impor as suas regras. «Nada de listas de ordens encapotadas para colar na porta do frigorífico». Definidas as regras básicas de convivência entre avós, pais e netos, as crianças podem criar um frasco de memórias. Basta um simples frasco de doce vazio, decorado pelas crianças, onde se vai depositando memórias que merecem ser lembradas. Os autores das lembranças devem ser os netos, mas os pais e avós podem ajudar.
Isabel Stilwell tem um frasco ao lado da banheira e há noites em que “pesca" uma aleatoriamente e relembra o dia em que saltaram nas poças à chuva. «Aquecem-me o coração e ficam para sempre. Em nós e nos nossos netos, porque a repetição sedimenta memórias. O que podem os avós querer mais do que ficarem para sempre no coração dos netos? Para mim, é essa eternidade», explica.
Nas páginas deste livro não faltam ideias e programas de “faça você mesmo" com eles. Coisas tão simples como dar uma festa aos amigos mais chegados, em que as crianças assumem a decoração da casa e fazem os convites. Ir à caça de flores para fazer um herbário e no regresso colá-las num caderno. Um banho de mangueira para os dias de calor. «Se estiverem vestidos, melhor ainda», sugere a escritora. Acampar no jardim ou ensinar os netos a fazer malha e tricô são algumas das actividades sugeridas para ajudar a criar laços entre os miúdos e os miúdos seniores.