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2 junho 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de João Lopes Vídeo de João Lopes

Os donos da Comporta

​​​O Museu do Arroz conta um século de história da maior propriedade privada portuguesa.   

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Colada à linha de areia e dunas desenha-se uma língua de terra coberta de campos de arroz, entre a Comporta e o Carvalhal, no litoral alentejano. Esta várzea, irrigada por canais construídos por mão humana, é uma das grandes zonas de arroz da Comporta. A outra é o sapal, no estuário do Sado, cujas comportas, que separam as valas de rega do estuário, deram o nome à terra. 

Durante mais de um século, o cultivo de arroz foi a imagem de marca da Herdade da Comporta, a maior propriedade privada do país, hoje com 11.000 hectares (no final de 2019 foram vendidos 1.376 hectares ao consórcio Vanguard/Amorim). O cultivo teve início em 1836, quando a herdade pertencia à Coroa Portuguesa, desenvolveu-se a partir de 1925 pela mão da britânica The Atlantic Company e, 30 anos depois, pela família Espírito Santo. São 1.100 hectares que produzem anualmente 9.000 toneladas de arroz. Portugal é o quarto maior produtor europeu de arroz, depois da Itália, Espanha e Grécia. A proximidade do mar, o tipo de solos e o clima contribuem para a qualidade do arroz produzido na Herdade da Comporta, garante David Reis, do departamento agrícola da herdade. 


 A proximidade do mar, o tipo de solos e o clima contribuem para a qualidade do arroz produzido na Herdade da Comporta, garante David Reis, do departamento agrícola da herdade

Visitar o Museu do Arroz é a melhor forma de conhecer a história da região: o cultivo do arroz ditou o modo de vida das pessoas que o cultivaram. No edifício antigo, onde laborou até meados dos anos 1990 a fábrica criada pelos ingleses em 1952, encontra-se a maquinaria original adquirida na Alemanha e em Espanha. Há fotografias de mulheres protegidas com chapéus de palha e homens empunhando instrumentos de trabalho e maquinaria. Outras mostram barcos puxados por bois que traziam pela Vala Real o cereal para a fábrica. De lá, o arroz já embalado seguia por barco pelo estuário até Setúbal. A fábrica que produziu a marca de arroz Ceifeira, a mais antiga do país, empregava uma dezena de pessoas, muitas mais vinham de todo o país, entre março e outubro, para trabalhar nos campos: cerca de 500. Conta-se que por estes campos passaram escravos africanos, cujos traços ainda são visíveis nas feições da população local. «Eram supostamente mais resistentes à malária, comum nesta zona pantanosa», conta David Reis. 

 No Museu do Arroz encontramos instrumentos de trabalho, maquinaria original da fábrica criada pelos ingleses em 1952 e imagens do modo de vida ditado pelo cultivo do arroz​

Entretanto, a Herdade da Comporta diversificou as áreas de atividade, como comprova a designação adotada em 2004: «Atividades Agro Silvícolas e Turísticas». Produz pinhão, numa floresta de pinheiros de 6.000 hectares, produtos hortícolas, com destaque para a batata-doce, e vinho. Mesmo ao lado do Museu do Arroz, está a Adega da Comporta, também aberta a visitas ao público. 

 



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