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22 dezembro 2017
Texto de Rita Leça Texto de Rita Leça Fotografia de Anabela Trindade e Luís Falcon Fotografia de Anabela Trindade e Luís Falcon

Os burros do presépio

​​​O Natal é aproveitado para tentar salvar a espécie do risco de extinção.​​

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O Natal é aproveitado para defender uma das figuras mais simpáticas do presépio, na sua versão autóctone. Os famosos burros mirandeses estão novamente em risco de extinção. A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), sediada em Atenor, vila vizinha de Sendim, criou mesmo um poderoso slogan publicitário: 
“Não há Natal sem burros”.

A AEPGA dedica-se à criação, mas também ao resgate de burros. «Há muitos que chegam aqui vítimas de maus-tratos e abandono. Outros porque o dono envelhece e, como já não pode cuidar do animal, dá-o à associação», explica Carolina Martins, colaboradora há quatro anos.

A nossa anfitriã é uma das fundadoras desta associação. «No início foi muito difícil», lembra Cândida Viana. «Cheguei a duvidar que conseguíssemos levar o projecto adiante. Pedi ajuda em Sendim e não consegui. As pessoas achavam que era tempo perdido. A conotação do burro era muito má, porque andavam com os ciganos. Viviam em estábulos pequenos, eram mal alimentados e usados, essencialmente, para trabalhar», descreve a farmacêutica.

A verdade é que a AEPGA tem hoje cerca de uma centena de burros ao seu cuidado. O Natal é aproveitado para angariar fundos. Por um lado, através de campanhas de apadrinhamento de um burro, abertas a particulares e empresas. Por outro, pela venda de presentes com o burro como protagonista, como cadernos, puzzles e peluches.

Os burros são animais inteligentes e com uma personalidade bem vincada, que conquistam facilmente as crianças. «São muito mimados, adoram carinhos! Até dão cabeçadas só para terem mais miminhos. São sociáveis e super inteligentes, descobrem facilmente as aberturas das fechaduras, por exemplo. São trabalhadores incansáveis, fiéis e seguem o seu líder até ao final. Agora, não lhes mudem as rotinas», diz Carolina, sorridente, enquanto cumprimenta Atenor, um dos jovens machos com uma habilidade única: deitar a língua de fora. «Nenhum outro burro faz isso!», garante Carolina, com os olhos bem abertos.

A consciência ambiental e animal ocupa alguns jovens que resistem à emigração, mas ainda mais forasteiros. A associação juvenil Palombar, criada para proteger os pombos selvagens, atrai muitos voluntários, nacionais e estrangeiros. «Nos últimos dois anos temos tido muito trabalho voluntário internacional», explica Nuno Martins, um dos responsáveis do projecto. Na região haverá perto de 3.700 pombais; a Palombar dedica-se à sua recuperação.

Antigamente, nos tempos de maior pobreza, os pombos eram criados para alimentação humana. Hoje, os maiores predadores são as aves de rapina. Por isso, a Palombar espalhou pela região cinco comedouros para abutres e águias.​
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