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28 fevereiro 2020
Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica)

Obesidade digital

​​​​​Telemóveis podem causar distúrbios alimentares nos jovens.
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O século XXI vive uma transformação digital em que telemóveis e Internet estão presentes desde muito cedo na vida das crianças. Esta nova realidade evolui a par com duas novas gerações: os Millennials e a Geração Z*. 

Para estes jovens, não estar nas redes sociais é não existir. Não ter um determinado número de likes nas suas publicações é motivo de preocupação, mal-estar e, em alguns casos, ansiedade e depressão. A pressão do digital leva cada vez mais jovens a viverem preocupados com a imagem. Querem ser iguais aos influencers e fazem tudo para eles próprios alcançarem esse estatuto de influenciadores digitais. Assistimos a uma generalização da imagem e dos padrões de beleza. Há a ideia de maior acesso a pessoas à partida inacessíveis e a vontade de imitar formas de vestir e ser. Por exemplo, se determinada actriz pinta o cabelo de azul,  há uma onda de jovens a fazer o mesmo.

Ora, a grande maioria das mulheres e dos homens que aparecem nas redes sociais são magros, bonitos, sem celulite e sem cicatrizes. E são estes os modelos que os jovens querem igualar. Contudo, para os jovens que não têm este tipo de corpo, e estão perto da obesidade, pode ser o princípio do desenvolvimento de uma perturbação alimentar. 

Todos conhecemos casos de jovens vítimas de bullying devido ao peso e, mais recentemente, vítimas de cyberbullying. Jovens que quando abrem uma página nas redes sociais são constantemente confrontados com as tais imagens de pessoas magras, e cujas fotografias estão completamente alteradas e corrigidas para eliminar qualquer defeito. Esta confrontação, para quem já está com problemas de auto-estima e autoconfiança, pode ser devastadora. 

Assim, pais e mães: 

  • Estejam atentos ao tempo que os vossos filhos passam ao telemóvel e as pessoas que seguem.

  • Atentem aos padrões alimentares dos vossos filhos. Promovam o exercício físico como um comportamento positivo e dediquem mais tempo em conjunto.

  • Envolvam os jovens em actividades fora do mundo virtual.

  • Valorizem-nos por aquilo que são e não os comparem a outras pessoas.

  • Se os vossos filhos estão com peso a mais, levem-nos a um nutricionista e façam exercício físico com eles.

  • Conversem com eles sobre o que os preocupa, o que se passa na escola. Preocupem-se em conhecer os amigos deles e convidem-nos a passar tempo juntos.
As redes sociais não vão deixar de existir, nem de ter menor impacto na nossa vida. O valor e a importância que lhes atribuímos é que tem de ser doseados. E esta é a mensagem a passar aos mais novos. O que se passa no mundo virtual não é regra e cada um pode ser o que quiser, como quiser. Ser diferente é bom, a individualidade é boa!

É nesse sentido que surgem mais movimentos que lutam por esta individualidade, e diferença, contra a normalização do peso e da imagem. As novas gerações estão a ganhar uma maior consciência para a pessoa e não para o físico. Através das redes sociais, passou a haver espaço para todos, mas esta mudança de paradigma não é imediata e os pais têm caminho a fazer junto dos seus filhos.

Se, por um lado, a Geração Z é a geração mais informada de sempre, com maior quantidade de informação disponível, por outro lado também é a mais exposta à pressão das redes sociais.

*O termo Millennials é utilizado para caracterizar as pessoas que nasceram nos anos 80, até meados dos anos 90. A Geração Z abrange os que nasceram a partir de meados da década de 90. As pessoas desta última são nativas digitais e estão sempre conectadas a múltiplas plataformas de informação, principalmente as redes sociais. 
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