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2 julho 2021
Texto de Carina Machado Texto de Carina Machado Fotografia de Mário Pereira Fotografia de Mário Pereira Vídeo de Miguel Gonçalves Vídeo de Miguel Gonçalves

O piano e a arte

​​​​A música e o desenho ajudaram Cátia Freitas a encarar a doença de outra forma.​

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​Nas suas deambulações por um estilo de vida que a afastasse, o mais possível, da contínua degeneração das células devido ao cancro, Cátia Freitas deparou-se um dia com a seguinte frase: Resgata as tuas paixões de infância, os teus sonhos mais antigos. Ler aquela frase foi como se uma fórmula mágica se iluminasse diante dos seus olhos. A epifania era clara: o desenho e o piano regressariam à sua vida. E os dedos animaram-se de energia. 

Há muito que tinha posto de parte os lápis e as viagens digitais pelas teclas. Regressar ao tacto nestes dois universos foi libertador. As paixões exigem dedicação, consomem toda a atenção disponível e desalojam outros pensamentos para tomar o seu lugar. Perfeito para afastar ideias negativas.  

«Os pianos são uma mania minha, uma brincadeira. Não tenho jeito nenhum, mas é um prazer», diz Cátia. Teve aulas entre a primeira e a última cirurgia, quando retirou o saco de colostomia e repôs o funcionamento intestinal. Entretanto, voltou a trabalhar e interrompeu os estudos musicais. «Tocar é uma paixão. Tranquiliza-me. Mas achei que depois de tantos anos podia esperar mais um pouco. Não vou ser um Beethoven, mas pronto!».  

Já desenhar é uma necessidade redescoberta, um sonho que por várias vezes esteve prestes a concretizar. O momento era agora. «Recordo-me de olhar para o monte de papéis da reciclagem. Peguei nos lápis e comecei a fazer uns desenhos. Os primeiros não saíram grande coisa, isto vai lá com prática. Mas continuei». Fez uns «bonecos», depois desenhou o retrato dos amigos, depois paisagens urbanas… Inscreveu-se numa escola e pelo meio fez ilustrações para o site de uma clínica de psicologia, atrás das quais veio o desafio para novos projectos na área da literacia em saúde mental. «Estou entusiasmada, vamos ver como corre e se isto dá para alguma coisa!».  

Resgatar paixões e sonhos fez com que Cátia se sentisse melhor, «mais calma, menos stressada. E ajudou-me a encarar a doença de outra forma. Percebi que tinha de estar muito grata pela minha vida e aproveitar todos os momentos».​

 

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