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5 setembro 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de João Lopes Vídeo de João Lopes

O ouro branco de Castro Marim

​​​​​​​​​Novas salinas trazem dinamismo a uma atividade milenar na vila algarvia. 

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Em duas horas, o salineiro Custódio Gonçalves e um colega enchem e acartam 160 sacas de sal, quatro toneladas no total. Antes disso, a produção de sal e de flor de sal passou por um longo e complexo processo. A safra inicia-se no início de abril com o esvaziamento das salinas, submersas no inverno para proteção do esqueleto da salina. Depois do terreno secar, são retiradas as lamas, para que o sal produzido não tenha impurezas, e é posta a primeira água, chamada água-mãe. A partir de meados de maio, começa-se a retirar a flor de sal. «São finos cristais que se formam à superfície da água e não necessitam de uma grande concentração de sal para se formarem», explica o engenheiro alimentar, Carlos Brás. No fim de junho começa a ser retirada a primeira rasa de sal. A safra prolonga-se até setembro/outubro, num máximo de sete meses. 

Nas salinas de sal tradicional, a extração é toda manual. Um coador de varas de inox com uma rede é usado para retirar a flor de sal à superfície da água, rodos de madeira servem para bater o sal, parti-lo e puxá-lo para a baracha (talude de terra batida), onde seca antes de ser embalado. O processo manual garante que o sal não é “lixiviado”, um processo químico que retira os sais minerais benéficos. «O nosso sal tem cálcio, potássio, iodo e magnésio. O industrial tem cloreto de sódio, nada mais», resume Carlos Brás, que trabalha nas salinas do município. 

Em Castro Marim, a extração de sal é uma atividade milenar, que aproveita a salinidade da foz do Guadiana, graças à proximidade do oceano. A Ordem de Cristo, cuja primeira sede foi instalada em Castro Marim, tinha a extração do sal entre os direitos conferidos pelo rei D. Dinis, explica a vereadora da Cultura. «O sal é o ouro branco, um elemento distintivo do território, com Denominação de Origem Protegida». Filomena Sintra está satisfeita com o crescente dinamismo nas salinas de Castro Marim. «Já existem 12 produtores, uma cooperativa, a exportação é mundial, a maioria dos grandes chefs de cozinha usa a flor de sal e o sal de Castro Marim». 


 

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