Realizou-se recentemente a Convenção Nacional da Saúde, um debate nacional sobre o presente e o futuro da Saúde em Portugal.
Melhores cuidados, acessibilidade, novas tecnologias, financiamento, evolução demográfica, entre outros, foram temas centrais desse debate.
Tivemos oportunidade de transmitir na Convenção a visão das farmácias sobre o sistema de saúde, as suas debilidades e o seu futuro.
Retomo agora, para os leitores da Farmácia Portuguesa, o tema da nossa intervenção.
Os portugueses querem mais e melhor saúde.
Portugal precisa de mais e melhor saúde.
A saúde é um dos factores essenciais de coesão social, de desenvolvimento económico, de inovação e desenvolvimento, de atracção de investimento e de produção científica.
O nosso sistema de saúde, integrando e articulando o sector público, privado e social, precisa de mais investimento público, aproximando-se dos 6,5 por cento do PIB nacional.
O nosso sistema de saúde precisa de criar condições para atrair e reter os melhores profissionais de saúde e para promover uma maior e mais estruturada participação dos cidadãos, de cada um de nós, promovendo a saúde e prevenindo a doença.
As pessoas têm de ser colocadas no centro do sistema e das suas preocupações.
O nosso sistema de saúde precisa de mecanismos mais transparentes e mais equitativos de contratualização, procurando mais eficiência e mais resultados em saúde, promovendo o trabalho em conjunto e garantindo que cada euro de investimento tem o retorno esperado.
A par da necessidade de maior investimento, podemos e devemos fazer mais e melhor com os recursos actuais.
Mas é indiscutível que sem mais investimento, compromisso de todos com resultados, objectivos e metas concretas em saúde, corremos o risco de, gradualmente, peça a peça, ver ruir um dos principais activos do nosso país, o Serviço Nacional de Saúde.
É necessária uma visão de longo prazo, de estabilidade, de investimento e de avaliação dos resultados.
Não podemos aceitar um sistema de saúde que desprotege o Interior e os que vivem com mais dificuldades.
Não podemos aceitar um sistema de saúde que responde a duas velocidades, garantindo equidade e qualidade de acordo com a condição social ou com a zona em que residimos.
O cluster da saúde, pelo seu lado, tem de mostrar que as pessoas estão definitivamente no centro dos seus objectivos e da sua acção.
Precisamos de mais política de saúde e de mais saúde na política, num compromisso abrangente de médio e longo prazo.
A ambição de conseguir definir uma agenda, objectivos concretos e uma dimensão de financiamento para a próxima década é possível e necessária.
Os portugueses não nos perdoariam se amanhã cada um de nós perdesse esta visão de conjunto, focada exclusivamente em procurar a melhor solução para cada desafio, para cada pessoa, para cada doente.
As farmácias e as suas organizações representativas lutam permanentemente por este objectivo.
Os doentes são o centro das nossas preocupações e da nossa actividade.
As farmácias, numa relação de complementaridade cada vez mais estreita com o Serviço Nacional de Saúde e de cooperação com todos os parceiros da saúde, querem continuar a ser a rede de cuidados de saúde mais próxima dos portugueses.
É este o nosso contributo para que os portugueses tenham cada vez mais acesso equitativo a melhores cuidados de saúde.