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16 novembro 2017
Texto de Paulo Cleto Duarte Texto de Paulo Cleto Duarte

Entre Nós: Prevenir a urgência

​​Paulo Cleto Duarte reconhece o esforço incansável das farmácias.

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​Quero começar por manifestar solidariedade, admiração e reconhecimento aos associados que enfrentaram o drama dos incêndios de 15 de Outubro. 

Os farmacêuticos e as suas equipas trabalharam expostos a temperaturas infernais e cenários dantescos. Muitos prestaram serviço na incerteza quanto ao destino dos seus familiares e à segurança das suas casas, devido à imprevisibilidade das chamas e à falência das comunicações. 

Logo nas primeiras horas, muitas farmácias abriram espontaneamente as portas para prestar assistência às vítimas do incêndio e para municiar os bombeiros. Na segunda-feira, pelo menos 327 farmácias na região Centro passaram a noite de serviço. 

A rede de farmácias, apesar de também ter sido vítima da tragédia, reforçou a sua disponibilidade às populações. E manteve-se assim vários dias, enquanto foi preciso. 
Duas farmácias arderam, 87 ficaram sem comunicações. 

Farmácias de todo o país disponibilizaram os seus produtos para apoiar as farmácias afectadas. Farmacêuticos e outros profissionais das nossas equipas ofereceram-se de imediato para ir trabalhar onde fosse preciso. ​A indústria farmacêutica e o sector grossista mobilizaram-se para evitar rupturas. 

As duas farmácias afectadas voltaram a atender pessoas em menos de 48 horas, instaladas nas juntas de freguesia, a quem endereço um agradecimento especial.  O número de farmácias sem comunicações foi diminuindo de dia para dia. Na quinta- -feira, pudemos informar que estava reposta a normalidade. 

A ANF accionou o seu plano de emergência, que contou com a colaboração frutuosa do Poder Local, Ministério da Saúde e Protecção Civil. Estamos reconhecidos por toda a solidariedade recebida. Ficamos sensibilizados com a simbólica visita do ministro da Saúde à Farmácia da Lajeosa do Dão. 

O que aconteceu mostra que sabemos agir e concertar esforços em situações de urgência. Mas o que aconteceu não pode repetir-se. 

O pacote de medidas aprovado pelo Conselho de Ministros leva-nos a ter esperança numa política integrada de prevenção de incêndios e de mitigação da vulnerabilidade do território. Os farmacêuticos, como profissionais de saúde, sabem exactamente o valor da prevenção. 

Quando a prevenção falha, caímos na urgência. Tivemos de salvar pessoas e bens em 24 horas porque falharam algumas políticas possíveis nos últimos 24 meses e muitas políticas necessárias há 24 anos. Quando é assim, sofremos baixas. Mortes e destruição económica evitáveis. 

Na área da Saúde, o adiamento de uma política consistente e integrada de promoção da Saúde e prevenção da doença já levou, seguramente, a baixas dessa natureza.
 
No passado dia 3 de Fevereiro, os ministros das Finanças e da Saúde assinaram com a ANF um Acordo que referia, explicitamente, a importância estratégica da «proximidade» e «elevada confiança por parte da população» da rede de farmácias. 

Esse Acordo previa, com escrupulosa avaliação prévia de ganhos e custos, a participação das farmácias «na promoção da saúde, na prevenção da doença e no acesso da população a cuidados e informação sobre saúde». 

O adiamento da implementação do Acordo terá custos para a saúde pública, mas também para os Orçamentos do Estado dos próximos anos.  No imediato, permite que se agrave a destruição económica da rede de serviços de saúde melhor distribuída pelo território. Uma em cada cinco farmácias encontra-se em risco de falência. 

Oito meses é muito tempo, estamos a correr riscos desnecessários.​​
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