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3 janeiro 2020
Texto de Bruno Sepodes (farmacêutico, vice-presidente do Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos) Texto de Bruno Sepodes (farmacêutico, vice-presidente do Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos)

Medicamentos digitais

​​​​Novas​ formas de alertar os doentes para a toma da medicação.​

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Em 1987, o filme "O Micro-herói" mostrava o actor Dennis Quaid a ser encolhido até ao tamanho molecular e injectado no corpo de um homem, revelando o que se passava dentro do organismo.

Trinta anos depois, não precisamos de medidas como essa para receber informação em tempo real do interior do corpo humano. A chamada saúde digital reúne a melhor inovação das novas tecnologias digitais aplicadas aos cuidados de saúde. O objectivo é aumentar a eficiência e tornar a terapêutica mais ajustada ao doente.

Um dos problemas mais comuns na gestão da medicação dos doentes é a forma como o doente adere ao tratamento.

Vários factores podem levar à fraca adesão, como o receio de efeitos adversos, a recusa na toma do medicamento, esquecimento, doença que impeça a toma independente da medicação, e o custo. 

Na sequência destes problemas, nos últimos dez anos muitas empresas farmacêuticas têm desenvolvido formas de lembrar ou alertar os doentes para a toma da sua medicação, através da intervenção digital. Um exemplo disso são as caixas para organização da medicação individual que comunicam com o doente e o profissional de saúde através de notificações no telemóvel.

Talvez a novidade mais recente esteja na capacidade de se conseguir seguir no organismo o percurso de um medicamento, através de sensores. Estes permitem a captação de diversos dados que são monitorizados num telemóvel ou computador, e facilmente partilháveis com os profissionais de saúde. Isto poderá ser muito útil em doenças crónicas com necessidade de seguimento da forma de tomar a medicação por parte do doente, mas também de outros parâmetros relacionados com o medicamento e o tratamento. Assim que se administrar o medicamento, o telemóvel ligar-se-á ao sensor e poderá registar a toma e a hora, gerando alertas para as próximas tomas. Pode ainda transmitir outro tipo de informações relacionadas com a interacção entre o medicamento e o organismo do doente. 

O primeiro medicamento com um sensor deste tipo foi autorizado em 2017, nos Estados Unidos da América. É a associação de um medicamento antipsicótico a um sensor que permite monitorizar a adesão do doente ao tratamento indicado. O mesmo sistema encontra-se neste momento em avaliação pela Agência Europeia de Medicamentos. 

Há um enorme potencial para estas terapêuticas se expandirem para a medicação usada no tratamento do cancro, na infecção pelo VIH e nas doenças mentais. 

Enquanto especialista do medicamento, o farmacêutico será a ponte de ligação a estes sistemas e ao seu médico, e estará preparado para lhe explicar como tirar melhor partido de todas as potencialidades da terapêutica digital que está a chegar à sua farmácia.

O futuro está mesmo a chegar. ​
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