Se olharmos com atenção para as estatísticas da saúde no que diz respeito às infeções respiratórias, vemos duas realidades: são mais frequentes no inverno e mais graves nas pessoas idosas – regista-se uma maior mortalidade neste grupo. A primeira deve-se ao facto de ser no tempo frio que circulam com maior facilidade e intensidade os vírus respiratórios, com destaque para o vírus Influenza (causador da gripe), o SARS-CoV-2 (causador da COVID-19) e o vírus sincicial respiratório (VSR, causador de infeções respiratórias), por vezes com potencial de gravidade nas crianças e nos idosos. Entre as bactérias, ganha particular destaque o pneumococo, o principal microrganismo responsável pelas pneumonias, que são a segunda causa de morte acima dos 85 anos. A segunda realidade deve-se à quebra da imunidade anti-infecciosa, caraterística nas pessoas idosas, e às comorbilidades normalmente a elas associadas, nomeadamente doenças crónicas dos principais órgãos, aparelhos e sistemas.
A medicina dispõe, atualmente, de importantes armas terapêuticas para combater estas infeções, nomeadamente antivíricos (para tratar as infeções por vírus), antibióticos (quando o agente infeccioso é uma bactéria) e uma vasta panóplia de medicamentos e procedimentos que visam manter o doente vivo até à cura da infeção.
Mas se estas ferramentas integram a estratégia curativa, é essencial não esquecer a importante etapa preventiva representada pelas vacinas: vacinas contra a gripe, a COVID-19, a pneumonia e, mais recentemente, a vacina contra o VSR, com indicação para ser administrada a pessoas acima dos 60 anos. Existem, ainda, medicamentos que estimulam a imunidade com um importante papel, sobretudo nos mais frágeis, como, por exemplo vacinas orais constituídas por lizados das principais bactérias responsáveis pelas infeções respiratórias.
Mas, chegados aqui, impõe-se uma pergunta: a estratégia de combate às infeções respiratórias esgota-se nos medicamentos e nas vacinas? A resposta é não! Há muito a fazer em termos comportamentais na prevenção destas infeções. Por exemplo:
- Ter uma alimentação adequada, manter-se hidratado (atenção: os idosos perdem a sen- sação de sede), praticar regularmente atividade física e respeitar as horas de sono (é durante o sono que se reconstituem as células imunitárias) são condições indispensáveis a um bom funcionamento da imunidade;
- Não fumar. O fumo do tabaco inativa muitas células da primeira linha do sistema imunitário, favorecendo as infeções;
- Não esquecer o uso de máscara. Sempre que estiver em espaços fechados com muitas pessoas, ou junto de pessoas que apresentem sinais respiratórios (por exemplo, tosse ou sinais de constipação), a máscara poderá fazer a diferença entre a saúde e a doença;
- Evitar grandes aglomerados de pessoas, sobretudo em espaços fechados. Estes microrganismos transmitem-se através da respiração, do espirro e da tosse. É por isso que o uso de máscara e a ventilação dos espaços são tão importantes;
- Cuidado com a qualidade do ar. Ambientes poluídos, muito secos, muito frios, muito húmidos ou ambientados por um ar condicionado, sem a devida manutenção, são fatores favoráveis às infeções respiratórias, tal como as mudanças bruscas de temperatura (cuidado à saída da aula de hidroginástica: a pis- cina está quente e, às vezes, cá fora faz muito frio). Evite molhas e andar no exterior com os pés ou a cabeça molhados;
- Atenção à higiene das mãos. Os vírus respiratórios transmitem-se a partir de partículas de secreções respiratórias depositadas nas superfícies, que podem ser transportadas pelas nossas mãos até ao nariz, boca ou olhos (portas de entrada de microrganismos).
As infeções respiratórias são doenças a evitar. Para isso, tenha comportamentos adequados, vacine-se e, se adoecer, não fique em casa à espera “a caldos de galinha”; procure apoio médico.