Haver poucos papéis para atrizes mais velhas é um fenómeno que a atriz Helena Isabel considera sobretudo português. «É um problema um bocado confinado a Portugal, porque lá fora, nas séries que se fazem, há muitos papéis». É o caso, por exemplo, de séries como “Grace and Frankie”, com Jane Fonda e Lily Tomlin, onde se contam as peripécias de duas mulheres recém divorciadas nos seus 70 e muitos anos.
«Há muita gente a lutar por mudar mentalidades», adianta, apesar de considerar que o «culto da juventude» ainda é preponderante. Nos palcos portugueses, a situação é ainda mais gritante. «Há muito poucas peças para pessoas da minha idade», diz Helena Isabel, que procura um papel que servisse bem a fase de vida em que está. Entrar numa produção de uma peça de Tennessee Williams, o dramaturgo norte-americano que escreveu alguns papéis memoráveis para mulheres maduras, é uma das suas ambições.
Numa carreira de cinco décadas, nem tudo foram rosas e a atriz diz já ter chegado a arrepender-se da sua escolha profissional «nos momentos em que está sem trabalhar». Vale-lhe o facto de «não ficar à espera que ‘caia um trabalho do céu aos trambolhões’”. Procura sempre uma alternativa e quando não tinha trabalho à frente das câmaras ou nos palcos, fez dobragens. «Nunca fico parada, estou sempre a inventar», resume.