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1 junho 2023

Grávida de verão

​​​Viver os meses de calor com mais leveza.​

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​Texto de Rosário Almeida Lopes | Ginecologista-obstetra, Hospital CUF Porto

O verão impõe cuidados particulares à mulher grávida e a própria gravidez, suas complicações e doenças maternas associadas influenciam o modo como a mulher grávida vivencia esta estação do ano.

As altas temperaturas tendem a causar queda da tensão arterial, cansaço, dores de cabeça, desmaios, sudorese, desidratação e obstipação. Assim, a grávida deve aumentar a ingestão de água para cerca de dois litros por dia, optar por frutas mais líquidas, evitar refrigerantes e bebidas alcoólicas.

A alimentação deve ser diversificada e leve, evitando o jejum prolongado, alimentos muito doces ou salgados e minimizando o risco de ingestão de água contaminada, alimentos deteriorados, crus, mal lavados ou cozinhados e lacticínios não pasteurizados.

O vestuário deve ser adequado à temperatura exterior, dando preferência a roupas de algodão, frescas e confortáveis. Duches de água morna, leques, ventiladores, ar condicionado e pulverizadores podem ser usados livremente.

De forma a evitar queimaduras e manchas permanentes na pele, a grávida deve proteger-se com chapéu de abas largas, evitar a exposição solar direta entre as 10 e 16 horas e aplicar protetor solar FPS 50/50+.

A prática de exercício físico de baixo impacto, como hidroginástica, natação, Pilates, ioga, bicicleta estática e caminhadas, está recomendada em grávidas sem contra-indicação para tal, de forma a melhorar a circulação sanguínea, reduzir edemas, fortalecer a musculatura, evitar ganho de peso excessivo e promover bem-estar físico e psicológico.

Estima-se que cerca de 50% a 70% das mulheres desenvolvem varizes na gravidez, havendo um risco aumentado de formação de coágulos nas veias (trombose). No verão, em particular, a doença venosa tende a piorar com queixas de peso, cansaço e agravamento estético das varizes e derrames. A prevenção é essencial e a grávida deve envidar esforços no sentido de evitar aumentar de peso, praticar exercício para estimular a circulação venosa, repousar com as pernas elevadas, evitar usar calças apertadas, ponderar o uso de meias de contenção elástica, evitar exposição solar prolongada e promover hidratação adequada. Massagens de drenagem linfática podem ser benéficas perante edemas de causa não venosa.

Finalmente, mas não menos importante, os destinos de férias devem ser (re)equacionados na gravidez. Ásia, África e América do Sul podem comportar mais riscos, devendo a grávida recorrer à consulta do viajante e ser informada dos cuidados a ter antes, durante e após a viagem, de acordo com o destino pretendido. Previamente a viagens de longo curso, com o objetivo de reduzir o risco de trombose, pode haver indicação para a auto-administração de uma medicação preventiva (heparina).
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