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14 outubro 2019
Texto de Duarte Santos Texto de Duarte Santos Fotografia de Tiago Machado Fotografia de Tiago Machado

Grande notícia

​​​​​​Novo Instituto de Saúde Baseada na Evidência vem contribuir para o progresso da Ciência.​

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Em 1887, Sir Arthur Conan Doyle apresentava ao mundo Sherlock Holmes e o Dr. Watson, provavelmente a dupla mais popular da literatura moderna. Um detective particular, com profundos conhecimentos em Química, e um médico vão desvendar juntos crimes e mistérios incríveis, com grande lealdade e muita tensão pelo meio.

Os dois amigos discutiam frequentemente devido ao vício do detective em tabaco, cujos malefícios para a saúde começavam a ser descobertos na época. Sherlock nunca prescindiu do cachimbo, do cigarro e de outros venenos, mas nem por uma vez pôs em causa essa evidência. Aliás, a disputa mais frequente entre eles era sobre qual dos dois se mantinha por mais tempo fiel, sem concessões, ao método científico. Outra atitude seria vexatória da dignidade de cavalheiros civilizados.

Nessa época, a ciência moderna era muito popular em Inglaterra, graças ao extraordinário impacto das suas descobertas, como recorda António Vaz Carneiro na soberba entrevista que concedeu à jornalista Maria Jorge Costa.

A atitude científica parecia ter-se instalado como o motor irreversível do progresso da Humanidade. 

Acontece que a História tem sempre altos e baixos. Nos últimos tempos, assistimos a muitos recuos críticos da popularidade do espírito científico. Isso já provocou estragos e ainda pode vir a ter consequências mais trágicas, como é o caso do movimento antivacinação.

Como hipótese explicativa deste embrutecimento dos espíritos, o nosso entrevistado apresenta a dificuldade biológica da nossa espécie em adaptar-se à complexidade da ciência. A inovação tecnológica está a acelerar o mundo tão depressa que muitos indivíduos ficam desorientados. 

Isso é evidente quando pensamos como a Internet, a mais poderosa ferramenta alguma vez criada para a democratização do conhecimento, se encontra contaminada por notícias falsas, crenças e ideologias perigosas, e outros crimes contra o ser humano. 

O próprio debate democrático tem sido enfraquecido por este paradigma tecnológico. Quantas vezes já assistimos a pessoas responsáveis negarem, com mais ou menos habilidade, as evidências na televisão? Quantas vezes nos sentimos enganados ou furiosos com isso?

Temos pela frente anos de guerra intensa pela qualidade da informação em saúde. Como explica o perito Thomas Kelley, todos os profissionais de saúde e agentes do sector têm de trabalhar em equipa, com investigadores e cientistas, para conhecer a fundo as necessidades dos doentes e os reais efeitos do seu trabalho. 

Os gestores e financiadores do sistema precisam, com urgência, de informação incontestavelmente segura para decidir com transparência processos sensíveis, como os relativos à comparticipação de novos medicamentos e tecnologias. 

Por isso saudamos na nossa capa o nascimento do Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE). 

É uma grande notícia para o progresso e o triunfo democrático da Ciência.
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