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29 agosto 2024
Texto de Tiago Martins | Psicólogo da infância e adolescência, Clínica MIM Texto de Tiago Martins | Psicólogo da infância e adolescência, Clínica MIM

Fundamental é mesmo a felicidade

​​​​​​Os resultados escolares não definem o sucesso e a felicidade na idade adulta.

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​O regresso à escola repre​senta, para muitas crianças e famílias, um período particularmente gratificante em função do retomar das vivências e experiências que proporciona. Ainda assim, pode ser desafiante retomar rotinas e estabelecer novos horários e hábitos. Para além disso, é comum antecipar as dificuldades deste regresso. Para determinadas crianças, este período é pautado por preocupações devido às exigências esperadas. Também a família sente inseguranças. Independentemente do ciclo de estudos, já antecipam o futuro profissional das crianças. Demonstrar inseguranças sobre o futuro pode condicionar as escolhas profissionais. O papel da família e da escola passa por atenuar as exigências neste percurso, promovendo-lhes a segurança e o acolhimento de que tanto necessitam.

Crianças que se sentem seguras das suas capacidades de aprendizagem, e possuem um sentimento geral de competência, são mais interessadas e motivadas para as tarefas escolares e, dessa forma, mantêm valores elevados de autoestima. Resultados escolares negativos conduzem ao processo inverso. Esta condição parece surgir da importância que é dada aos números. Reduzir a escola aos resultados escolares é desvalorizar a importância de outras aprendizagens fundamentais para o bom desenvolvimento das crianças.

Alunos e famílias merecem uma escola onde aprendam sobre inteligência na sua multiplicidade – nos domínios emocional, intelectual, social, físico e relacional, cruciais para um desenvolvimento integrativo. Como podemos minimizar o impacto negativo perante o insucesso nos resultados? Em primeiro lugar, a família assume um papel facilitador no decorrer de um percurso que se quer feliz. A perceção que tem sobre a criança, positiva ou negativa, afeta a sua autoestima e motivação. Corresponder às exigências e expetativas dos adultos pressiona sobre os resultados, compromete o bem-estar e a confiança. Os resultados escolares não definem o sucesso e a felicidade na idade adulta, e este é um ponto importante a reter.

Mesmo perante eventuais dificuldades, é importante as crianças manterem-se motivadas para enfrentar desafios e desenvolverem competências para a resolução de problemas. É desejável que manifestem curiosidade e interesse, se sintam seguras e, em consequência, aprendam mais e se relacionem melhor consigo mesmas e com os pares. Estes fatores aumentam a probabilidade de fazer um percurso escolar gratificante. E, para isto acontecer, necessitam do apoio e da confiança das várias pessoas ao seu redor.

As escolas têm um papel crucial a desempenhar. Devem reconhecer e responder às necessidades de todas as crianças. Para isso, precisam de identificar os seus estilos e ritmos de aprendizagem, e assegurar uma educação de qualidade. A educação implica troca, relação e comunicação. É por isso que o processo de inclusão deve envolver famílias, escolas e organizações, capazes de afirmar-se como aliados na criação das condições necessárias para todos.

O envolvimento da família na escola é essencial e nem sempre fácil, mas gera resultados muito positivos, elimina obstáculos, e contribui para o bom desempenho, a organização e o sucesso escolar. E, porque a aprendizagem se alicerça no convívio, é preciso também proporcionar tempo à família para estar com as crianças. Este tempo de qualidade proporciona momentos felizes a todas as pessoas. E a felicidade é um fator absolutamente crucial. É o motor da aprendizagem, do rendimento escolar, do sucesso educativo e do bem-estar geral.​​
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