Subfinanciamento é a palavra mais comum quando se fala de financiamento em saúde. «A suborçamentação é crónica e os défices são sistemáticos», salientou Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP), defendendo a necessidade de criar uma estratégia de longo prazo e orçamentos plurianuais. «É preciso definir necessidades de investimento, para que o orçamento não se esgote nas despesas de funcionamento e correntes, e possa ser investido também em temas estruturais, como a prevenção».
Fundamental é também mudar a forma como se medem os custos da saúde, valorizando o conceito de valued-based healthcare, ou seja, pondo o foco menos nos resultados, como o número de comprimidos e tratamentos feitos, e mais nos impactos alcançados junto dos doentes, traduzidos na melhoria da sua saúde e satisfação com o serviço, por exemplo. «Medir valor em vez de volume», como defendeu Dennis Helling, professor na Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciencies da Universidade do Colorado e um dos galardoados com as Insígnias da ANF no 13.º Congresso. «Precisamos de medir a qualidade dos serviços e criar incentivos para os utentes e fornecedores. Nunca esquecendo que o utente é a estrela polar». O foco deve ser colocado num triplo objectivo: a experiência do utente, a saúde da população e o investimento inteligente.
Dennis Helling mostrou-se «muito impressionado» com o trabalho desenvolvido pelas farmácias em Portugal, nomeadamente a «proximidade e capacidade de perceber as necessidades dos doentes». As farmácias podem ter um papel central em termos de prevenção e no atendimento personalizado ao doente, e também no apoio a projectos desenvolvidos por paceiros da saúde, como exemplificaram Pedro Correia, membro da direcção executiva da Medis, e Paulo Marques, do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários.