Em 2040, os gastos mundiais com medicamentos chegarão aos 20 mil milhões de dólares. Significa isto que nos próximos anos os sistemas de saúde, já hoje pressionados, vão gastar muito mais dinheiro. A questão a que se procurou dar resposta na segunda sessão plenária do 13.º Congresso das Farmácias, em Lisboa, é como é que os decisores pagadores conseguem ter a certeza de que cada euro gasto está a contribuir para melhorias efectivas na vida das pessoas.
Aris Angelis, da London School of Economics, trouxe à Junqueira alguns exemplos dos modelos usados por diferentes Estados na avaliação do custo-efectividade das novas tecnologias de saúde. Thomas Kelley, consultor do Governo do País de Gales, acredita que o caminho passa pela organização dos cuidados de saúde baseada na evidência. «Precisamos medir as coisas certas, aquelas que realmente importam às pessoas, para que as decisões possam reflectir os melhores resultados e experiências».
Também no que respeita ao valor a pagar pelas terapêuticas o princípio de evidência se aplica. Para o médico galês faz mais sentido, é mais justo pagar por benefícios do que por medicamentos. «Devemos desviar-nos da ideia clássica da compra do objecto e pensarmos na contratualização do efeito, do benefício que queremos alcançar com esse mesmo objecto».
Em Portugal, um melhor financiamento da Saúde significa também um maior financiamento. Ou seja, é preciso mais dinheiro, defende Paulo Gonçalves, do Boston Consulting Group. «Inovar nesta área é possível», diz. Há muitas ideias para captação de recursos que não impactam a carteira dos portugueses, nem os cofres do Estado. Paulo Gonçalves partilhou quatro: trazer para Portugal mais ensaios clínicos, recuperar impostos por via da tributação de lucros; venda de dados; mecenato. Em dois pares de ideias, em poucos minutos, conseguiu 0,5 por cento do PIB.