A adolescência é um desafio, tanto para os jovens como para as figuras parentais. É uma fase de mudanças físicas, comportamentais e sociais, em que surgem várias questões fundamentais na formação de adultos saudáveis e conscientes.
Por estes tempos, a descoberta sexual ganha terreno, surgindo também o receio por parte das famílias de explorar a temática da sexualidade. Hoje em dia, somos constantemente confrontados com conteúdos de cariz sexual. Por isso mesmo, é essencial o diálogo destes temas com os jovens. Ao contrário do que se possa pensar, o conhecimento sobre a sexualidade não se limita a comportamentos sexuais. Na verdade, a exploração desta temática ajuda a prevenir possíveis infeções ou gravidezes indesejadas, melhora a autoestima e a autoaceitação, ensina sobre o consentimento e sobre as questões de género e diversidade.
É fundamental questionar e descobrir os sentimentos sexuais e as pessoas pelas quais se sente atração. A orientação sexual é uma componente significativa do ser complexo que somos, e inclui a atração emocional, romântica e sexual em relação a outra pessoa, bem como os comportamentos que podem resultar dessa atração.
A investigação realizada nos últimos anos mostra que os estilos parentais desempenham um impacto fundamental no desenvolvimento dos jovens, nomeadamente na construção de uma identidade saudável e na forma como reagem às ameaças do mundo externo. Assim, é evidente que o apoio, a aceitação e o reconhecimento da orientação sexual por parte das figuras parentais promovem uma boa integração social do jovem. Pelo contrário, é notório que a falta de compreensão ou rejeição da identidade dos jovens por parte das figuras parentais está na base de uma maior vulnerabilidade a situações de abuso nas relações, ou até mesmo da ideação ou tentativa de suicídio.
O processo individual de descoberta e afirmação da identidade sexual (coming out) é muitas vezes semelhante à experiência sentida por muitas famílias de jovens LGBTQIA+. Para uma maior sensibilidade e integração na dinâmica familiar, é fundamental que as famílias:
- Sejam empáticas e sensíveis relativamente ao tempo que precisam para amadurecer e se adaptar;
- Se informem acerca das temáticas da identidade sexual;
- Procurem comunicar com famílias que já tenham ultrapassado questões semelhantes, numa relação de apoio e compreensão mútua;
- Criem um contexto de abertura e segurança de modo a que que os jovens sintam a confiança que necessitam para partilhar os seus sentimentos;
- Contactem um profissional que os ajude a lidar com as dúvidas que surjam relativamente a estes assuntos, caso o considerem necessário.
Ao proporcionar um lugar de segurança e respeito mútuo, está a contribuir para que todas as pessoas lidem de forma mais positiva com a sua identidade sexual. Nesse lugar, os jovens podem desenvolver um sentimento de pertença, capaz de lhes proporcionar as ferramentas necessárias para enfrentar o mundo que os espera lá fora.
Lembre-se: se tem receio da violência que existe no mundo exterior, não permita que essa violência tenha espaço naquele que deve ser sempre o nosso lugar mais seguro, a família.