Portugal conta com mais de 2.000 farmácias distribuídas pelo país, muitas delas instaladas onde não existe qualquer outro equipamento de saúde. Para Maria de Belém Roseira, esta rede descentralizada torna as farmácias um elo insubstituível na cadeia dos cuidados, garantindo que, mesmo nas zonas mais remotas, os portugueses têm um ponto de contacto próximo e qualificado.
«Não se trata apenas de aviar medicamentos, mas de aproveitar as farmácias como espaços de literacia em saúde, de prevenção e de apoio», explica. A antiga ministra destaca a transformação profunda que o setor farmacêutico tem vivido, com profissionais cada vez mais preparados para lidar com os desafios complexos da saúde contemporânea.
A pandemia da COVID-19 veio confirmar essa capacidade de reinvenção. Os farmacêuticos adaptaram-se rapidamente para prestar serviços essenciais, como a entrega de medicamentos ao domicílio, evitando deslocações desnecessárias a hospitais ou centros de saúde e protegendo os utentes. «O que começou como uma solução de emergência deve ser agora incorporado de forma definitiva nos cuidados de saúde», defende.
Mas a qualidade e segurança não são apenas exigências para o passado e presente. São as bases que sustentam a confiança que os portugueses depositam nas suas farmácias. «Os farmacêuticos investiram muito na sua formação e estão preparados para garantir que os cuidados prestados sejam de excelência e seguros, porque saúde não pode ser sinónimo de erro ou risco», afirma.
Além do cuidado clínico, as farmácias assumem um papel social decisivo. Programas solidários, como o que permite o acesso a medicamentos a quem não tem condições financeiras para suportar até mesmo pequenas despesas, mostram um compromisso que vai muito para além do balcão. «Impedir que uma pessoa com tensão alta não controle a sua saúde é um erro grave. Isso provoca crises que custam muito mais ao Estado e, sobretudo, traz sofrimento evitável ao doente», alerta a ex-ministra.
O futuro da saúde passa também por aqui: inovação, digitalização e soluções inteligentes, integradas numa rede que reconhece o valor da proximidade. «Os portugueses são muito inventivos e capazes de criar soluções eficazes mesmo com recursos limitados. Esse espírito deve ser canalizado para tornar a saúde cada vez mais acessível e eficiente», sublinha Maria de Belém, convencida de que as farmácias estarão sempre prontas a abraçar o novo e a acompanhar as necessidades da população.
Neste percurso, as farmácias mostram que são muito mais do que um espaço para levantar receitas: são um ponto de encontro entre tecnologia, humanidade e cidadania.