Sede da Associação Nacional das Farmácias (ANF), à Rua Marechal Saldanha, em Lisboa. 23h50. Na sala de atendimento, Maria João Botelho, 33 anos, cruza-se com o colega Amadeu Mendes, de 29. É hora de mudança de turno na Linha 800 241 400.
Das 00h00 às 08h00 será ela a orientar, ao telefone, os utentes que necessitem de medicação considerada urgente no distrito de Bragança, onde decorre o primeiro projecto-piloto do Serviço Nacional de Assistência Farmacêutica (SAFE).
O arranque de turno implica alguns rituais, como apontar num caderno o nome das farmácias que estão de serviço. «Este trabalho é especial porque ajudamos directamente as pessoas. Sentimo-nos bastante úteis», afirma Maria João.Cai a primeira chamada. Ela identifica os medicamentos urgentes receitados ao doente do outro lado
da linha. Com as bases de dados informáticas ao seu dispor, esclarece-o sobre quais as farmácias com esses fármacos disponíveis.
Quando o utente escolhe deslocar-se a uma farmácia, o centro de atendimento procede de imediato à reserva dos medicamentos em seu nome. Se prefere uma entrega ao domicílio, activa a farmácia mais próxima e o motorista de serviço. «Acompanhamos o utente de A a Z, do primeiro contacto, até a aquisição do medicamento e garantimos a celeridade do serviço e que nenhuma informação se perde», refere Pedro Quintas, gestor do projecto SAFE.
Por ter acesso directo à receita médica, a farmácia local assume sempre a responsabilidade pelo aconselhamento farmacêutico: presencial quando os utentes a ela se dirigem; ou telefónico nas entregas ao domicílio, mas sempre antes do medicamento chegar ao destinatário. Num cenário ou no outro, os doentes ficam com o contacto telefónico da farmácia de serviço, para poderem esclarecer qualquer dúvida durante a noite.
O centro de atendimento também fica disponível, sempre com um farmacêutico do outro lada da linha. Não é preciso bata branca, mas a licenciatura em Ciências Farmacêuticas é requisito obrigatório para trabalhar na Linha SAFE. «Os conhecimentos técnicos e científicos da nossa formação de base permitem-nos aconselhar os utentes de forma diferenciada», vinca Maria João.
Amadeu e Maria João, como todos os colegas do centro de atendimento, estão habilitados a exercer como farmacêuticos ao balcão de uma farmácia. A sua missão, no entanto, é aconselharem doentes a 500 quilómetros. Precisaram de aprender a abolir a distância. Para isso, receberam formação pós-graduada específica nas plataformas do serviço SAFE e de atendimento à distância.
O SAFE funciona entre as 21h e as 9h, de segunda a sábado. Aos domingos e feriados está activo todo o dia.