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29 dezembro 2022
Texto de Rita Antunes (psicóloga clínica e educacional) Texto de Rita Antunes (psicóloga clínica e educacional)

Existo porque fui amado

A par de outras variáveis biológicas, ambientais e sociais, o afeto é essencial na construção do vínculo emocional mãe-bebé, pai-bebé.​​

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Numa era em que o termo conectar ganhou contornos tecnológicos, é imperativo relembrar que a relação interpessoal, o vínculo ao outro é a base de tudo. Carinho, amor, expressão de afetos, tempo de qualidade são receitas provadas na construção de seres humanos equilibrados e mais felizes.

Há quem defenda que o vínculo emocional começa ainda antes da gravidez, tempo de excelência para a preparação de tudo o que irá acontecer - onde tantas vezes as mudanças físicas são mais rápidas do que as psicológicas.

Já durante a gestação, a saúde do bebé é influenciada pelo organismo materno e pelas suas reações, não só fisiológicas mas também emocionais. Assim, se a mãe vive sintomas de ansiedade, o bebé pode receber mensagens relacionadas e sentir o ambiente que o rodeia como menos seguro. A evidência científica demonstra que tais situações podem ter um forte impacto a ser considerado após o nascimento.

Por outro lado, uma gravidez vivida com alegria e serenidade potenciará o desenvolvimento emocional do bebé. O cérebro do feto parece assim desenvolver-se de acordo com a ligação que a mãe estabelece com o mundo. Mais do que isso, é um desenvolvimento, uma conexão recíproca! É também durante a gestação que as figuras parentais estimulam o bebé, seja através da voz (diferentes entoações no diálogo, música) ou do toque (na barriga… a espera pelo “pontapé” ou pelas mudanças de posição), atribuindo-lhe uma identidade, um sentimento de pertença… Não é só um bebé: é o nosso bebé! O bebé imaginado, o bebé desejado!

Com o nascimento e o confronto com o bebé real, os laços emocionais fortalecem-se, sendo fundamental a disponibilidade das figuras parentais para a ligação, a criação do vínculo. Os estímulos sensoriais através do contacto físico, pele a pele, do cheiro do bebé, dos choros, e dos momentos de amamentação e/ou de aleitamento são canais privilegiados de comunicação para a construção de uma relação única. 

Já pensou que o bebé humano é um dos seres vivos mais dependentes da Natureza? Demora cerca de um ano a dar os primeiros passos, para além de ser totalmente dependente no que toca à alimentação, à proteção, à higiene e ao conforto ao longo dos primeiros meses de vida. E se, também por este motivo, o cansaço físico dos pais existe, não permitamos que o afeto deixe de ocupar um espaço central. A par de outras variáveis biológicas, ambientais e sociais, é essencial na construção da conexão, do vínculo emocional mãe-bebé, pai-bebé.

O recém-nascido revela desde os primeiros segundos de vida diferentes formas de comunicar com o exterior, de despertar o interesse, a curiosidade e a atenção do outro, seja através do choro, do sorriso ou do contacto visual. Por isso, a disponibilidade emocional das figuras parentais é um elemento crucial e as rotinas oportunidades únicas de privilegiar a RELAÇÃO!
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