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27 maio 2021
Texto de Rita Antunes (Psicóloga clínica e da educação) Texto de Rita Antunes (Psicóloga clínica e da educação)

Brincar dá saúde e faz crescer

​​​​​Jogar com as crianças é um dever diário das famílias.​

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​Todos beneficiamos da magia que o brincar traz às nossas vidas. É sonhar, representar, liderar, inventar e, em conjunto, aprender a lidar com as emoções no dia-a-dia. 

Brincar é um canal privilegiado de relação e emoção! 

Com a aproximação do Dia Mundial da Criança, a palavra brincar adensa-se ainda mais no meu pensamento. Uma palavra tão simples, que tem por base tanta complexidade: desenvolvimento, partilha, interacção, criação, união, emoção, fantasia, liberdade, motivação, persistência, atenção, reciprocidade… Atrever-me-ia até a dizer que brincar é talvez das tarefas mais complexas e completas que podemos fazer! 

É através da brincadeira, dos jogos estruturados, mas acima de tudo dos jogos não-estruturados, do faz-de-conta, que ensaiamos diferentes papéis e personagens, que podemos interiorizar regras e limites, viajamos por mundos desconhecidos, enfrentamos medos como cavaleiros audazes, cuidamos e curamos como os médicos. Durante a brincadeira reciclamos emoções negativas e afastamos pensamentos maus. Ensaiamos conflitos e descobrimos a melhor forma de os resolver! Vestimos as nossas capas de super-heróis e salvamos o mundo. Conquistamos super-poderes e coleccionamos estrelas cadentes! Fazemos experiências e criamos poções mágicas capazes de resolver qualquer problema. Testamos soluções e descobrimos melhor quem somos, do que gostamos ou como podemos ser mais felizes! 

A verdade é que a brincadeira é a base de tudo. Permite-nos ser genuínos e espontâneos. É onde podemos rir ou chorar sem julgamentos. 

É uma aventura que se encontra assinalada na Declaração Universal dos Direitos das Crianças desde 1959. Por isso, além de um direito, deveria também fazer parte da lista de deveres diários das crianças. 

Ainda não há muito tempo, brincar na rua era quase uma regra. Podíamos explorar o mundo! Quase como verdadeiros exploradores, inventores, construtores… Passávamos horas com apenas dois berlindes e três elásticos. Mapeávamos o chão com pedras ou giz e tínhamos quadrados para dias e dias a brincar ao polícia e ao ladrão. E todos os dias pareciam diferentes… e eram diferentes, tamanha era a vontade com que esperávamos que o dia seguinte chegasse! E aí, começávamos tudo de novo. 

Os tempos mudaram e as brincadeiras também. Foram substituídas, na sua grande maioria, por videojogos, o que, a juntar ao tempo que as crianças passam na escola e em actividades extra-curriculares, pouco tempo sobra para explorar o tempo livre e construir novas brincadeiras. 

Por vezes, separar este tempo parece muito difícil. Talvez a chave mágica seja mudar o nosso pensamento, passando de fazer tudo por eles para fazer mais coisas com eles! Sim, várias coisas... muitas coisas... as coisas possíveis com as nossas crianças - afinal, nem sempre quantidade é qualidade! 

Reforçar momentos a dois, momentos a três, funciona como um importante amortecedor emocional, conforta as quedas e alivia as frustrações. Não as evita, mas enfraquece-as, conseguindo-se mudar o foco para outras tarefas ou momentos de prazer que melhoram a auto-estima, o bem-estar, e acima de tudo, fortalecem os laços relacionais! 

Sugere-se, por isso, que brincar seja servido, lado a lado com uma das principais refeições. 

E pode ser tão fácil! Um jogo de tabuleiro, um baralho de cartas ou dominó, um passeio de bicicleta ou de patins, uma ida à praia ou ao parque, um livro de anedotas, um conjunto de bonecos, uma fantasia para vestir, um livro de colorir, peças para construir, ou fazer umas bolachinhas para o lanche! Tudo (ou quase) pode ser usado para ganhar competências, pensar mais além, voar mais alto! 

Brincar é importante para as crianças. E para os adultos também.
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