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9 março 2020
Texto de Paulo Cleto Duarte Texto de Paulo Cleto Duarte

Entre Nós: Sinais

​​​​Estamos preparados para assumir novos compromissos.

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Nunca se discutiu tanto em Portugal, como hoje se discute, o sistema de saúde.

Porquê?

Em nossa opinião, porque há uma insatisfação geral quanto ao seu funcionamento.

Não estão satisfeitas as pessoas, porque não se consideram no centro do sistema.

Não está satisfeito o Estado, que não consegue responder às necessidades dos cidadãos.

Não estão satisfeitas as instituições de saúde, que se consideram impedidas de cumprir a sua missão por falta de recursos.
 
Não estão satisfeitos os profissionais de saúde, que estão desmotivados por não terem condições de exercício adequado das suas funções.

Não estão satisfeitos os agentes económicos, porque a saúde é encarada como um custo e não como um investimento.

Há um problema estrutural no acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde, em Portugal e na Europa.

O mercado dos medicamentos é um exemplo.

Acumulámos ao longo de décadas um emaranhado de soluções, ditadas pelas circunstâncias, sem uma visão de conjunto e carecidas de concepções coerentes sobre o circuito do medicamento.

Reduzir custos era a única opção e mesmo uma obsessão.

Ter acesso a medicamentos seguros, eficazes e custo-efectivos era um dado adquirido. 

A realidade está a falar muito mais alto.

Há um problema de regulação do circuito do medicamento e da sua cadeia de valor.

Por isso mesmo, colocar o sistema de saúde entre as principais prioridades da agenda política é um sinal muito positivo.

Quando se anunciam novos investimentos na Saúde em Portugal, é chegado o momento de começar a resolver alguns dos problemas fundamentais do sistema.

Se tal não acontecer, se perdermos esta oportunidade, estaremos a breve trecho a reclamar novos investimentos num sistema que continuará a padecer dos mesmos problemas.

Não devemos, não podemos, por isso, perder esta nova oportunidade, no interesse dos doentes, do Estado e da nossa economia.

No que às farmácias diz respeito, as nossas posições são publicamente conhecidas.

Defendemos uma maior integração das farmácias com o SNS.

Defendemos uma maior integração e cooperação entre todas as profissões de saúde.

É esta integração que nos pode levar a uma visão de conjunto dos problemas e da sua solução.

Só assim as pessoas estarão no dia-a-dia no centro do sistema. 

As farmácias são uma parte da solução.

Reunimos todas as condições para concretizar essa integração e contribuir para aproximar as pessoas do SNS e o SNS das pessoas.

Uma petição com mais de 120.000 assinaturas, apresentada ao Parlamento no termo da anterior legislatura, é a voz dos cidadãos a reclamar das farmácias um papel mais activo na relação de proximidade entre eles e o sistema de saúde.

Se não caminharmos nesse sentido, os novos investimentos que se anunciam serão uma oportunidade perdida.

Acresce, no que às farmácias diz respeito, que as marcas deixadas pelo período da Troika permanecem.

O resultado líquido e a rentabilidade das vendas da farmácia média continuam negativos.

A crise económica e financeira do sector expõe diariamente as farmácias a dificuldades no cumprimento da sua missão de serviço público.

Este é um sinal muito negativo.

A nossa visão é moderadamente optimista. Explicamos porquê.

Não há países sem farmácias e estas não podem viver indefinidamente abaixo da linha de água.

Por outro lado, começa a ganhar consistência em Portugal uma visão da farmácia como unidade mais integrada no SNS.

O enorme crescimento das falhas de medicamentos é o toque a rebate por uma nova regulação do circuito do medicamento em Portugal.

O Governo parece dar sinais de preocupação.

A dispensa de medicamentos hospitalares, a vacinação e a prestação de serviços de saúde em farmácias comunitárias são apenas alguns exemplos de uma nova visão sobre aquilo que pode e deve ser o futuro das farmácias.

Estes sinais são muito positivos.

Em início de legislatura, estamos preparados para assumir novos compromissos e confiamos nos sinais do Governo nesse sentido.
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