Teve, recentemente, uma situação enquanto viajava com a família, em que toda a experiência como piloto foi extremamente útil.
Isso foi um momento bastante assustador. Foi numa estrada no Alentejo, numa estrada nacional sem luz. Era de noite, vínhamos relaxados, as nossas filhas estavam a dormir, quando eu reparo que tenho javalis à minha frente. Eram duas filas de javalis, uma família inteira, para aí uns 15, de um lado ao outro da estrada. Acho que aí nós tivemos muita sorte em estar eu ao volante, porque o meu pensamento ao ver os javalis é pensar para onde é que eu vou, se consigo lá chegar ou não. Com a velocidade a que vou, se faço uma curva tão apertada para desviar-me dos javalis, podemos despistar-nos nas bermas, portanto não é opção. Decido ir em frente, tentar apontar para o javali mais pequeno. O meu pensamento é travar a fundo e, enquanto travo, tenho segundos para escolher como é que vou bater com o carro. Se bater de lado, podemos capotar, porque vai ser uma pancada grande. Por isso, a minha reacção foi bater com as rodas direitas e, mesmo antes de bater, tirar o pé do travão. Isto tem tudo a ver com a parte física e técnica que nós temos. Se travarmos, o carro baixa, por isso, mesmo antes de bater, tirei o pé do travão e acelerei, para o carro levantar, e passámos por cima dos javalis.
Foi uma pancada mesmo muito grande. Parti o carro todo à frente. Os airbags não accionaram porque foi só a parte de baixo do carro que bateu. Ficámos exactamente na nossa faixa de rodagem. Os cintos ficaram super apertados, a minha mulher ficou com uma nódoa negra. As nossas filhas tinham uma cadeira de bebé muito boa, acordaram e nem sequer choraram. Consegui meter o carro na berma. Chamámos a GNR, que chegou passado algum tempo. Foi assustador, porque podia ter sido muito pior. Se tivéssemos capotado e não conseguíssemos falar ou pegar no telefone, as coisas podiam ter ficado muito piores. Ninguém nos ia conseguir ver, porque não havia muito circulação naquela estrada.