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3 fevereiro 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Vasco Rocha Vídeo de Vasco Rocha

Cerdeira, casa da criatividade

Visitar a aldeia da Cerdeira é mergulhar na Natureza e nas artes.​
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Há 34 anos a Cerdeira era uma aldeia deserta, hoje residem seis pessoas permanentemente. Mas há vida nesta aldeia bonita, com o casario a descer a encosta até ao vale e o embalo permanente da ribeira. Foi em 1987 que a artista plástica Kirsten Thomas e o companheiro decidiram habitar a aldeia. Deste passo nasceu o projeto Home for Creativity, que trouxe à Cerdeira uma identidade própria e o título “Aldeia das Artes”.

O projeto inclui uma vertente turística, com a recuperação sustentável de dez casas destinadas a alojamento local, que mantêm a traça e os materiais de origem - barro, madeira, pedra de xisto – e acrescentam conforto, incluindo aquecimento. Todas as casas são diferentes e cada uma conta uma história: casa do mel, do forno, da escada, da azeitona… À Cerdeira vem-se para relaxar. Não há televisões nas casas e a Internet existe para permitir a comunicação dos visitantes com as famílias, porque a rede telefónica não funciona.
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A alma do Home for Creativity é artística, pois, como diz Kirsten, «é preciso criar algo para dar vida à aldeia, manter aqui mais pessoas». As residências artísticas trazem à Cerdeira artistas dos cinco continentes, na Casa das Artes decorrem retiros, inclusive de empresas. Na escola de artes os visitantes podem aprender algo de novo, em oficinas de fim de semana ou com duração de uma semana, desde cerâmica a escultura, cestaria, desenho, encadernação, têxteis, feltragem ou culinária. «O mais importante é sempre a qualidade», garante Kirsten, seja na recuperação das casas, no alojamento ou nas oficinas, onde os formadores são “mestres” experientes de vários países, de Portugal a Espanha, Inglaterra, EUA e Japão. «Não é um entretenimento, é uma passagem de conhecimento», explica. 

A Cerdeira é uma aldeia Ecolabel (rótulo ecológico criado pela União Europeia em 1992), onde se valorizam produtos orgânicos e endógenos, inclusive como matéria-prima das oficinas artísticas. Há compostores para decomposição biológica de resíduos orgânicos, um ecoponto e pontos de carregamento para carros elétricos. A preocupação com a sustentabilidade estende-se aos 13 colaboradores a tempo inteiro, todos com contrato de trabalho. «A mesma ética da ecologia deve aplicar-se às pessoas», diz Kirsten Thomas, que resume 30 anos de vida numa frase: «Acho que valeu a pena. Quando somos novos não sabemos no que nos estamos a meter, mas vamos criando raízes, superando dificuldades e conseguimos manter o projeto». ​

 

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