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8 fevereiro 2021
Texto de Carlos Enes Texto de Carlos Enes

Acesso bloqueado

​​​​​Portugal é o país da Europa que mais dificulta a vida aos doentes.​

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​Portugal é o país de Europa com acesso mais difícil aos medicamentos mais recentes para o tratamento de muitas doenças. O Estado obriga milhares de doentes a perder dias de trabalho ​só para irem levantar medicamentos aos hospitais, sem nenhuma consulta médica ou razão clínica que justifique a viagem.

Doentes com cancro, transplantados e com outras doenças incapacitantes são forçados a percorrer centenas de quilómetros. Com o advento da COVID-19, essas deslocações tornaram-se de risco, em particular para os doentes com o sistema imunitário debilitado. Muitas famílias de todo o país são forçadas a fazer visitas mensais ou bimestrais aos hospitais, durante anos, só para levantarem hormona do crescimento para os seus filhos. Até os doentes das regiões autónomas são forçados a deslocações ao continente.

As farmácias comunitárias aceitaram, logo no mês de Março, dispensar esses medicamentos, em articulação com as farmácias hospitalares. A denominada Operação Luz Verde, até ao dia 13 de Janeiro, data de fecho desta edição, permitiu dispensar 48.411 tratamentos, no local onde vivem 16.007 doentes de risco. No total, 2368 farmácias comunitárias de 287 concelhos continuam a prestar esse serviço, muitas vezes ao domicílio, a título gratuito nesta fase de pandemia.​

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) lançou, ainda antes da pandemia, um projecto-piloto para o cálculo do valor da dispensa de medicação nas farmácias comunitárias, que já beneficiou 469 doentes da região Norte. No dia 1 de Dezembro de 2016, o ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, lançou a primeira experiência desta natureza no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Quatro anos depois, as farmácias comunitárias continuam a dispensar medicamentos e a vigiar 250 doentes com VIH/sida, sem que o Estado assuma qualquer responsabilidade por esse serviço. A escolha dos doentes, entre uma farmácia comunitária da sua preferência e o hospital, é sempre livre.




Os doentes na periferia do sistema

Estas pessoas perdera​m muitos dias em viagens desnecessárias.
Com o início da pandemia, passaram a contar com as farmácias ao pé de casa.
Milhares de outras continuam sem opção.


João Rocha, transplantado, contabiliza doze anos de viagens de São João da Talha ao Hospital Curry Cabral, em Lisboa.​


Daniela Sequeira, de São Brás de Alportel, andou anos a pagar comboio e táxis para levantar medicamento.


Mónica Descalço ia de Beja a Setúbal levantar os seus comprimidos e as injecções para o pai, de quem herdou a esclerose múltipla.


Fabrício Benevides foi obrigado a muitos voos entre os Açores e Lisboa para tratar a sua doença genética rara.


Cátia Chagas fazia todos os meses viagens de autocarro, entre Olhão e Lisboa, por causa da hormona do crescimento do filho.​
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