A açoriana Cátia Resendes passou duas semanas em Lisboa, durante o mês de maio, a fazer diligências para conseguir novas próteses. Cátia perdeu um terço dos dois pés quando tinha 17 anos, na sequência de complicações relacionadas com o lúpus, a doença autoimune com que convive desde sempre. Há quatro anos que caminha sobre os calcanhares, o que está a provocar-lhe problemas na coluna e nos calcanhares.
Conseguir próteses compatíveis com a sua pele extremamente sensível não tem sido fácil. «São processos burocráticos que envolvem muito dinheiro», explica a jovem de 33 anos. Conseguiu umas do melhor silicone, custaram para cima de 20.000 euros, a ela coube-lhe pagar 5.000. Duraram oito anos, o tempo médio de vida são quatro a cinco anos.
Já teve outras de um silicone de menor qualidade, mas não conseguiu suportar a pressão sobre a pele, quase fazia ferida. «Foi gastar dinheiro numa coisa que, à partida, já se sabia com 80% de certeza que a minha pele não ia tolerar», lamenta. As próteses que aguarda agora também não são do melhor silicone. Os técnicos disseram-lhe que «pelo menos no interior vão colocar um silicone moldável e adaptável ao coto». Cátia não tem muita esperança no resultado, mas a sua prioridade agora é conseguir umas próteses, mesmo que não ideais, que aliviem a pressão que o peso do corpo exerce sobre os calcanhares. «Posteriormente vamos avançar com outro processo para adquirir as próteses melhores», diz, com o otimismo de quem não baixa os braços.