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6 setembro 2021
Texto de António Pedro Machado (internista/coordenador do programa de UAH) Texto de António Pedro Machado (internista/coordenador do programa de UAH)

A revolução da harmonia

​​​​​A entrada das farmácias na era da saúde digital

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Vivemos um tempo de mudanças rápidas. A revolução digital e o desenvolvimento da inteligência artificial determinarão a perda de muitos empregos tradicionais em todas as áreas. Isso será compensado pelo surgimento de novos empregos, que irão exigir uma muito maior especialização. 

As farmácias não serão imunes à revolução das tecnologias da saúde. Terão que se adaptar em contra-relógio e redefinir o seu lugar no espaço e no tempo, para entrarem e sobreviverem na era da saúde digital. Os desafios que as tecnologias de informação e as biotecnologias representam já estão a mudar o modelo das farmácias. Tal como o conhecemos, não sobreviverá aos desafios do futuro. 

Uma farmácia unicamente orientada para a dispensa de medicamentos não será mais viável. O futuro das farmácias passará por serem parte integrante dos serviços nacionais de saúde, para o fornecimento contratualizado de cuidados de saúde multidisciplinares, em harmoniosa articulação com os cuidados primários de saúde e hospitais. 

Esta transformação já se iniciou nas farmácias americanas, canadianas, britânicas. E também em Portugal, no acompanhamento e na monitorização de pessoas com doenças de grande expressão na comunidade, como a diabetes, a hipertensão e a insuficiência cardíaca. 

No Canadá, há muito que a medição automática da pressão arterial é feita, indistintamente, nas farmácias ou nos consultórios médicos. Já existem guidelines canadianas da hipertensão específicas para farmacêuticos. 

No Reino Unido, as orientações do National Health Service (NHS) recomendaram a intervenção das farmácias comunitárias na prevenção, detecção e tratamento da hipertensão. E guidelines do NICE (National Institute for Health and Care Excellence), publicadas em 2018, consideraram as farmácias comunitárias parte integrante do NHS. 

Em Portugal, está em curso um programa pioneiro na Europa de criação de Unidades de Apoio aos Hipertensos (UAH) nas farmácias comunitárias. Muitas farmácias já implantaram programas de monitorização de doentes com insuficiência cardíaca. Muitas outras iniciativas irão mudar o paradigma das farmácias portuguesas, orientando-as para os serviços. 

A longo prazo, nenhum emprego estará completamente a salvo da automação, cujas vantagens para a sociedade humana poderão ser, provavelmente, imensas.
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