A maioria dos homens sente como um problema sério a diminuição do desejo sexual. Quando surge em jovens ou na meia-idade, em que não é esperado esse tipo de queixa (a que se chama desejo sexual hipoactivo), está associado a factores psicológicos: stress, depressão ou ansiedade, abuso de drogas ou medicamentos.
Há outras causas mais complexas, como o medo de falhar, de intimidade, de assumir um compromisso sério, receio de alguma represália pelo acto sexual, excesso de preocupação em conseguir um bom desempenho. Se a causa é psicológica, o acompanhamento centra-se em ultrapassar bloqueios, receios e a ansiedade. Tenta-se evitar medicamentos, nomeadamente os ansiolíticos, porque, eles próprios, podem provocar diminuição do desejo sexual.
Do ponto de vista fisiológico, o desejo sexual é desencadeado pela estimulação de um sistema neurológico específico, o sistema límbico cerebral, e mediado por dois neurotransmissores, a dopamina (estimulante) e a serotonina (inibitória). O desejo é fortemente influenciado pela testosterona, uma hormona que nos homens é segregada pelos testículos, e nas mulheres pelo ovário.
Acima dos 60 ou 70 anos de idade, a perda de libido é quase sempre de causa orgânica: cai a produção de testosterona. Algumas doenças crónicas (hipotiroidismo, insuficiência renal crónica, cirrose hepática), medicamentos (tranquilizantes e antidepressivos) e adicções (álcool) podem desencadear ou agravar o problema.
A maioria dos homens conforma-se e aceita a diminuição da libido como parte do processo de envelhecimento, à semelhança da perda da capacidade eréctil.
Mas alguns não se conformam.
É importante explicar que existe uma maneira de combater o défice de testosterona, a causa mais frequente. A reposição hormonal é um método seguro e eficaz, estando disponível nas apresentações gel, para aplicação cutânea diária, e injectável, para aplicação uma a duas vezes por mês ou trimestralmente.
São três os princípios fundamentais para a administração de testosterona:
- Apenas por indicação médica, e quando há sintomas de défice hormonal e níveis sanguíneos comprovadamente baixos.
- Geralmente é feita a longo prazo, como uma verdadeira terapêutica de substituição, mas pode haver indicação para estimulação testicular de curta duração.
- Eventuais efeitos colaterais podem surgir: ressonar, dificuldade em urinar, mudanças de humor e aumento da produção de glóbulos vermelhos, o que pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos. A antiga ideia de acelerar a progressão do cancro da próstata está actualmente afastada.
A prática clínica mostra como a terapêutica de reposição hormonal consegue, quando adequadamente indicada, normalizar a libido e renovar a percepção da masculinidade e da dignidade do homem com mais de 60 anos, contribuindo para o seu bem-estar psicológico, físico e sexual. Se coexiste disfunção eréctil, o que é frequente, a testosterona também melhora a resposta aos fármacos vasoactivos penianos.