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5 junho 2025
Texto de Beatriz Moura | Psicóloga especialista na infância, adolescência e parentalidade, Clínica MIM Texto de Beatriz Moura | Psicóloga especialista na infância, adolescência e parentalidade, Clínica MIM

A importância de deixarmos as crianças brincarem

​​​O ato de brincar não deve estar alicerçado apenas no desenvolvimento de competências.​

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Quando falamos da importância de brincar não podemos deixar de citar Winnicott: «É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, a criança ou o adulto pode ser criativo e utilizar a sua personalidade integral; e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu». A profundidade do seu trabalho sobre o ato de brincar vai muito além de todas as competências cognitivas, motoras, emocionais e sociais que são frequentemente faladas e conhecidas como áreas estimuladas pela brincadeira.

A perceção social da infância tem vindo a mudar ao longo da história e, como tal, o conceito de brincar também tem evoluído. Nesse sentido, percebemos que, atualmente, as crianças são as principais influenciadas pela indústria de consumo e de marketing, modificando, desse modo, a sua infância, e a forma como brincam e interagem. No contexto social atual, o que se propaga é uma conceção consumista associada à infância, o que leva a um investimento desenfreado em brinquedos, espaços, oficinas, brincadeiras em grupo, entre outros, onde o enfoque é o desenvolvimento de competências e não propriamente o simples ato de brincar.

Assim, com tanto investimento no brincar orientado e estruturado, ele deixa de ser livre. Livre para a criança escolher de forma espontânea e criativa o que quer brincar, como quer brincar e com quem quer brincar. Onde a criança decide, constrói e reconstrói, avança e recua na exploração do que está à sua volta como recurso disponível para brincar. Onde não há sempre uma estrutura escolhida e imposta pelo adulto, uma regra sobre como usar, uma diretriz para limitar ou uma orientação sobre o que é certo ou errado de se fazer.

Nesta reflexão podemos ainda ter um olhar sobre a forma como o tempo das crianças está preenchido e como nele falta espaço para brincar. Mas, ironicamente, também o tempo para brincar é olhado pelos adultos com uma grande necessidade de preenchimento e orientação, de proporcionar as melhores experiências ou meios para a brincadeira, o que nem sempre alimenta a essência e as necessidades da criança.
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