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1 maio 2025

A dor ciática na gravidez

​​​Aprenda a geri-la e a prevenir o seu aparecimento.​

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Texto de Pedro Sousa Neves | Especialista em ortopedia, Hospital CUF Sintra e Hospital CUF Açores

A gravidez constitui uma fase de grandes transformações na vida da mulher. Na maioria das vezes, é um momento de alegria e descoberta, mas também pode trazer desafios, como desconfortos e limitações físicas. Entre eles, a dor ciática pode ser particularmente incapacitante, afetando o bem-estar e a qualidade de vida da futura mãe.

A dor ciática surge devido à inflamação ou compressão do nervo ciático, um elemento-chave na locomoção. Este nervo inicia-se na coluna lombar e estende-se até ao pé, fazendo com que os sintomas se possam manifestar em diferentes pontos.

A pressão intra-abdominal, devido ao crescimento do útero durante a gravidez, assim como o rápido ganho de peso e as mudanças anatómicas na bacia e na coluna, são alguns dos principais fatores que potenciam a dor ciática durante a gestação.

Durante a gravidez, as alterações hormonais e a maior flacidez dos ligamentos da grávida, a redução da atividade física e da mobilidade podem, igualmente, favorecer a compressão e inflamação do nervo ciático. Outras causas comuns, como uma hérnia discal e alterações degenerativas da coluna, também devem ser consideradas.

Importa destacar que outras condições musculoesqueléticas, como as dores lombar e sacroilíaca, e a inflamação dos tendões e dos glúteos, podem gerar sintomas muito semelhantes à dor ciática e igualmente debilitantes. Por outro lado, situações clínicas urgentes, como a trombose venosa profunda e os cálculos renais, devem ser sempre excluídas, requerendo observação médica urgente e tratamento específico.

O tratamento da dor ciática durante a gravidez deve ser, idealmente, baseado na aplicação de calor e/ou frio local, em massagens leves de relaxamento lombar e dos glúteos, alongamentos suaves da região lombar, e abordagens como a acupuntura e a fisioterapia. O uso de uma cinta de suporte lombar específica para grávidas e de uma almofada de apoio lombar e das pernas são métodos simples e eficazes para ajudar na estabilização da coluna, em posição de pé e em repouso, respetivamente.
O tratamento com medicamentos deve ser restringido ao mínimo necessário. Sempre que possível, recomenda-se usar apenas paracetamol. Nos casos em que os sintomas o justifiquem, outros medicamentos podem ser utilizados, sob rigorosa supervisão médica.

As grávidas necessitam de cuidados especiais. Por isso, se uma dor se tornar persistente, difícil de controlar, com outros sintomas associados (como diminuição da força, dormência no pé ou na perna), ou se houver suspeita de outro problema, é absolutamente necessária a observação médica.

Nunca é demais recordar que toda a mulher que planeia uma gravidez deve programar as diferentes dimensões deste evento especial, para que o viva de forma saudável e feliz.

O equilíbrio dos aspetos mental, físico, familiar e profissional é essencial, até para a prevenção de dores. É fundamental que, antes e durante a gravidez, enquanto possível, a mulher realize exercícios de fortalecimento da parede abdominal e pélvica, como Pilates, ioga ou hidroginástica. Além de protegerem a grávida, todos estes exercícios auxiliam na preparação para o parto.

Uma mulher bem informada e preparada terá maior probabilidade de viver uma gravidez saudável e sem dores.
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