Quando terminou a licenciatura na Escola Superior de Teatro e Cinema (antigo Conservatório Nacional), Custódia Gallego deu aulas de teatro e expressão corporal e dramática nas escolas. Nessa altura, percebeu o pouco que era feito para estimular o contacto dos jovens com a arte. «Quando é que os miúdos vão ver uma exposição de artes plásticas? Quando um pai ou uma mãe os levam a ver Gil Vicente. Eles devem pensar que não há mais ninguém a escrever para teatro neste mundo». A actriz lamenta que os mais novos não sejam estimulados a ver um pouco de tudo e acredita que essa falta de educação artística limita o número de pessoas que, na idade adulta, se interessam pela cultura.
Entristece-a perceber que, ao longo das últimas décadas, a cultura em Portugal ainda está ao alcance apenas de uma minoria. «A falta de acesso à cultura cria cidadãos intelectual e espiritualmente mais pobres, mais facilmente manipulados pelas estruturas políticas e económicas».
Custódia Gallego concorda com os colegas mais novos quando dizem que actualmente a situação está pior, referindo-se ao fraco investimento na cultura em Portugal. «As dificuldades de quem sai das escolas de teatro são as mesmas que eu senti quando terminei o Conservatório, em 1984. Se passaram tantos anos e eles têm a mesma sensação, é porque piorou. Não se fez nada». Apesar de tudo, a cultura é e vai continuar a ser a sua casa. «Mesmo tendo começado quase por acaso, senti uma apetência. É isto que eu quero fazer, por mim e pela sociedade em que vivo».
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