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3 julho 2023
Texto de João Cordeiro | João Neto Texto de João Cordeiro | João Neto Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

A contadora de histórias

​​​​​A centenária Monte, em Vila Viçosa, tornou-se na primeira farmácia portuguesa a obter a classificação de património cultural.

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Há 110 anos, a Farmácia Monte, em Vila Viçosa, abriu portas ao cuidado da saúde da população local, através da prestação dos essenciais serviços farmacêuticos, ligados à produção, preservação, aconselhamento e dispensa de medicamentos. Cento e dez anos volvidos, no dia 1 de agosto de 2022 iniciou-se uma nova fase da sua vida: a musealização do espaço histórico. Nascia, assim, a primeira farmácia portuguesa classificada como património cultural, protegido no seu todo: edifício, espaço interior e artefactos.

A ostentação do título de “Coleção Visitável Farmácia Monte” marcou o culminar de um processo que se arrastava há anos e que só conheceu desenvolvimentos profícuos com a nova estrutura política da Câmara Municipal de Vila Viçosa, em particular da vereação da Cultura. Com o apoio do Museu da Farmácia, foi possível à família Monte Lopes dar os passos necessários no sentido da preservação de um património, que também é local, e possibilitar a todos os visitantes que o desejem conhecer as áreas técnico-científicas, sentir o ambiente e contactar com os objetos que permitiram à centenária farmácia, fundada pelo farmacêutico António Victor do Monte, servir a população alentejana em proximidade e segurança.

A luta travada pelo neto, Vítor Monte Lopes, não foi pequena. Cabe sublinhar o seu sentido de cidadania, as- sim como a dedicação de toda a equipa da farmácia, que, durante largo tempo, teve de ultrapassar as exigências técnicas e arquitetónicas de viver num espaço histórico, ao mesmo tempo que prestava serviços farmacêuticos do século XXI.

Existem, por todo o mundo, projetos semelhantes, mas a Monte é, em Portugal, a primeira farmácia comunitária musealizada na sua localização original, um marco importante não só para a própria, mas também para Vila Viçosa e, em particular, para o património farmacêutico nacional. Seria ótimo que, de singular, a Monte passasse a pioneira de uma nova forma de articulação entre as várias entidades com responsabilidades culturais e turísticas no nosso país. O seu é, sem dúvida, um bom exemplo a seguir.
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