A conviver com pancolite ulcerosa há 11 anos, Ana confessa que «o mais difícil de lidar foi com os comentários um pouco maldosos de quem não entende a doença». A professora de flauta transversal recorda como, nas piores fases, houve pessoas à sua volta que não compreendiam a gravidade dos sintomas.
A desvalorização do problema ia desde conselhos inconvenientes, como ”bebe chá de limão que isso passa”, até afirmações como ”tu não pareces assim tão doente”. Ana justifica essas atitudes com a falta de conhecimento por parte dos outros e pelo facto de se tratar de uma doença que «não se vê de fora». Mas garante que essa falta de compreensão foi um dos motivos que a levou, muitas vezes, a ir-se abaixo.
«Às vezes estamos muito bem por fora, mas por dentro temos uma cólica horrível ou um cansaço extremo. Como é que vamos explicar isto?», questiona-se. Para contornar este tipo de constrangimentos, Ana acredita que é essencial falar-se mais sobre estas «doenças tabu».
E acrescenta que há pequenas coisas que podem fazer a diferença na vida de quem sofre destas patologias. «Não era má ideia podermos ter um dístico de estacionamento prioritário, para as situações em que é urgente pararmos para usar uma casa-de-banho», exemplifica.
Por fim, alerta para a necessidade de se atribuir uma isenção no acesso ao Serviço Nacional de Saúde. «Um diabético não paga consulta de acompanhamento, mas eu pago a consulta de gastroenterologia», explica. «Também é uma doença crónica, não fiz nada para a ter».