Um estudo realizado em 2013 na Farmácia Saúde, da Figueira da Foz, revelou que 70% das pessoas se deslocam primeiro à farmácia para resolver problemas de saúde. Destas, 60% sofrem de problemas graves. «Estes números mostram bem a necessidade de existir uma relação diária e efectiva entre os vários profissionais de saúde», considera a directora técnica. Colaborar com os médicos tornou-se uma rotina. «É essencial para prestar um bom serviço», declara Anabela Mascarenhas.
Uma relação que se traduz em comunicação permanente. A Farmácia Saúde tem 95 doentes em acompanhamento farmacoterapêutico, por isso contacta regularmente os respectivos médicos assistentes. O telefone é o meio de comunicação mais utilizado, mas também já lhes enviou 45 cartas. A responsável nem sequer imagina acompanhar doentes sem esta cumplicidade estratégica. «A envolvência de outros profissionais é constante. Não conseguiria fazer bem o meu trabalho de outra forma», afirma a farmacêutica. É a sua regra desde sempre: «Há mais de 20 anos que luto por uma colaboração mais estreita».
A Farmácia Saúde multiplica os projectos de intervenção na comunidade, faz visitas constantes a escolas e universidades. A prestação de serviços farmacêuticos é a grande aposta há vários anos. Anabela Mascarenhas sublinha que são sempre realizados com «elevado nível de especialização».
A directora técnica partilhou com os congressistas como organizou o atendimento farmacêutico em quatro níveis. No nível um, são dispensados os produtos que necessitam de menos informação, como dermocosméticos. No nível dois, que envolve medicamentos, é prestada muito mais informação. No nível três, faz-se a revisão da medicação. E, finalmente, no nível quatro, é realizado o acompanhamento farmacoterapêutico.
A equipa reúne especializações em diversas áreas da saúde. A directora técnica, por exemplo, é especializada em Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), sobre a qual realizou a sua tese de mestrado, impulsionada por um pneumologista da Figueira da Foz. «O doutor Antunes disse-me que havia poucos profissionais que se dedicassem às doenças respiratórias. No final, leu e deu parecer sobre a minha tese. Parece-me fundamental que outros profissionais de saúde conheçam o nosso trabalho e o avaliem», afirma a farmacêutica.
Entre 2011 e 2013, a farmácia dedicou-se à detecção da DPOC ainda num estado assintomático da doença. «Em 2011, tinha havido um road show pelo país para detectar doentes com DPOC num estado inicial. Percebeu-se que o número de utentes que não sabiam que a tinham era o dobro do esperado. Esperava-se 5%, eram cerca de 10%. Obtive resultados semelhantes na minha tese, na Figueira da Foz». Os doentes sinalizados foram encaminhados para o médico de família. Quando não o tinham, para o hospital.