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29 junho 2016
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Carla Bessa Fotografia de Carla Bessa

«Senhor doutor, como está? Fala Anabela, farmacêutica»

​​​​Na Farmácia Saúde, da Figueira da Foz, telefonar ou escrever aos médicos faz parte da rotina.

Um estudo realizado em 2013 na Farmácia Saúde, da Figueira da Foz, revelou que 70% das pessoas se deslocam primeiro à farmácia para resolver problemas de saúde. Destas, 60% sofrem de problemas graves. «Estes números mostram bem a necessidade de existir uma relação diária e efectiva entre os vários profissionais de saúde», considera a directora técnica. Colaborar com os médicos tornou-se uma rotina. «É essencial para prestar um bom serviço», declara Anabela Mascarenhas.

Uma relação que se traduz em comunicação permanente. A Farmácia Saúde tem 95 doentes em acompanha​mento farmacoterapêutico, por isso contacta regularmente os respectivos médicos assistentes. O telefone é o meio de comunicação mais utilizado, mas também já lhes enviou 45 cartas. A responsável nem sequer imagina acompanhar doentes sem esta cumplicidade estratégica. «A envolvência de outros profissionais é constante. Não conseguiria fazer bem o meu trabalho de outra forma», afirma a farmacêutica. É a sua regra desde sempre: «Há mais de 20 anos que luto por uma colaboração mais estreita».

A Farmácia Saúde multiplica os projectos de intervenção na comunidade, faz visitas constantes a escolas e universidades. A prestação de serviços farmacêuticos é a grande aposta há vários anos. Anabela Mascarenhas sublinha que são sempre realizados com «elevado nível de especialização».

A directora técnica partilhou com os congressistas como organizou o atendimento farmacêutico em quatro níveis. No nível um, são dispensados os produtos que necessitam de menos informação, como dermocosméticos. No nível dois, que envolve medicamentos, é prestada muito mais informação. No nível três, faz-se a revisão da medicação. E, finalmente, no nível quatro, é realizado o acompanhamento farmacoterapêutico.

A equipa reúne especializações em diversas áreas da saúde. A directora técnica, por exemplo, é especializada em Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), sobre a qual realizou a sua tese de mestrado, impulsionada por um pneumologista da Figueira da Foz. «O doutor Antunes disse-me que havia poucos profissionais que se dedicassem às doenças respiratórias. No final, leu e deu parecer sobre a minha tese. Parece-me fundamental que outros profissionais de saúde conheçam o nosso trabalho e o avaliem», afirma a farmacêutica.

Entre 2011 e 2013, a farmácia dedicou-se à detecção da DPOC ainda num estado assintomático da doença. «Em 2011, tinha havido um road show pelo país para detectar doentes com DPOC num estado inicial. Percebeu-se que o número de utentes que não sabiam que a tinham era o dobro do esperado. Esperava-se 5%, eram cerca de 10%. Obtive resultados semelhantes na minha tese, na Figueira da Foz». Os doentes sinalizados foram encaminhados para o médico de família. Quando não o tinham, para o hospital.

Farmácias dos sete ofícios​



​A Farmácia Saúde dispõe de farmacêuticos especializados em doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), diabetes, hipertensão arterial e risco cardiovascular, entre o​utras áreas. Cinco dos dez profissionais de saúde da equipa são mestres em Ciências Farmacêuticas. Anabela Mascarenhas exige grande rigor no aconselhamento sobre medicamentos. «Quando alguém nos pede um medicamento sem ter ido ao médico, estamos a “prescrever” medicamentos não sujeitos a receita médica, só falta o registo adequado», expõe a directora técnica. «Esta é uma das áreas sobre as quais o INFARMED deveria realizar sessões de esclarecimento», defende.

A Farmácia Saúde prepara medicamentos manipulados e multiplica serviços: cessação tabágica, avaliação do risco de desenvolver diabetes, troca de seringas, testes químico-biológicos e acompanhamento nutricional, porque «também há pessoas desnutridas», alerta a farmacêutica. Para ela, todos estes serviços pressupõem uma parceria entre a farmácia e os médicos.

A directora técnica é rigorosa e inquieta por natureza. «Também gostava de melhorar a terapêutica e cuidados do viajante, pois parece-me fundamental». Vai participar no projecto-piloto USFarmácia, em parceria com a USF S. Julião, da Figueira da Foz.

Para responder às necessidades dos doentes, espera a regulamentação da renovação de receitas. A revisão da medicação, a avaliação da introdução de novos medicamentos, a avaliação da terapêutica, a medicação semanal e a mediação entre médicos de família e especialistas são outras competências dos farmacêuticos, que considera deverem ser aproveitadas, sempre em estreita colaboração com os médicos.  Anabela Mascarenhas reforça que «cada profissional tem de conhecer bem a sua área de intervenção».

 

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