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23 junho 2016
Texto de Carlos Enes e Sónia Balasteiro Texto de Carlos Enes e Sónia Balasteiro Fotografia de Paulo Neto Fotografia de Paulo Neto

Médicos chamam farmácias

​​As Unidades de Saúde Familiar estão a desenvolver modelos de colaboração com as farmácias. Médicos de família e farmacêuticos desejam instrumentos nacionais que os ajudem a trabalhar em rede.
A Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) e a Associação Nacional das Farmácias estão a preparar um manual de articulação interprofissional, passível de ser adoptado pelos profissionais associados das duas entidades em qualquer ponto do país. «Precisamos, USF e farmácias, de ter um manual de articulação. Antes de mais nada, temos de saber como podemos comunicar uns com os outros», declarou aos congressistas João Rodrigues, presidente da USF-AN. Esta associação representa 425 USF a nível nacional e 8.400 profissionais de cuidados de saúde.

O presidente da USF-AN considerou indispensável a institucionalização de um modelo de articulação entre USF e farmácias, com vista à prossecução de objectivos de saúde pública. «Para termos sucesso, tem de haver um programa nacional em que médicos de família e farmácias intervenham em conjunto», declarou João Rodrigues. O orador mencionou vários problemas de saúde pública, já identificados em Portugal, cuja solução passa por essa articulação.

Por exemplo, o excesso de tratamentos com benzodiazepinas, principal causa de quedas na população idosa. «Se não houver uma actuação em conjunto nunca mais resolvemos o problema», declarou.

João Rodrigues apresentou as USF como «organizações positivas e democráticas, que prestam contas, são discriminadas positivamente e trabalham em rede». Na opinião do orador, os serviços de saúde, públicos ou privados, precisam de tornar-se ambientes propícios ao aproveitamento eficiente das competências dos profissionais. Esse aproveitamento deve ser monitorizado, pela contratualização de metas em saúde pública e respectiva prestação de contas. O médico defendeu mesmo a possibilidade de as farmácias poderem informar os utentes sobre os tempos máximos de espera das USF. «Se nós tivermos o farmacêutico deste lado, da qualidade, atingiremos resultados muito mais cedo», enfatizou.

A cooperação interprofissional torna-se uma necessidade evidente quando se perseguem objectivos de saúde pública. «O objectivo da cooperação das USF com as farmácias é chegar a metas contratualizadas», expôs João Rodrigues. No caso da diabetes, a colaboração interprofissional é indispensável à detecção e à integração das pessoas em risco em programas de seguimento. «Isso vai fazer a diferença, daqui a uns anos, entre termos evitado 80 por cento dos casos, ou termos 80 por cento de novos doentes nesse universo», exemplificou o médico.

O presidente da USF-AN considerou indispensável a formação contínua de todos os profissionais, não só para o desenvolvimento do trabalho em rede como para a superação de problemas concretos de saúde pública. «Por exemplo, todos os profissionais de saúde, médicos ou farmacêuticos, deviam saber prescrever o exercício físico adequado a cada doente, e isso nem sempre acontece», enfatizou.

O trabalho em rede, designadamente com as farmácias, é uma das sete prioridades estratégicas definidas pela USF-AN.  João Rodrigues acredita que isso «vai promover a literacia em saúde, aumentar a prevenção quaternária, a prevenção da doença, a promoção da saúde e o autocuidado». O médico partilhou ainda os resultados de um inquérito de satisfação realizado em 2015 aos utentes das USF: 79,5% revelaram estar satisfeitos com o atendimento. Na sua opinião, este resultado foi possível porque as USF são «organizações positivas, que apostam em formação e no respeito pela dignidade humana». O médico acredita que muitas farmácias partilham deste paradigma. Como presidente da USF-AN, defendeu um modelo de colaboração nacional. Como coordenador da USF da Serra da Lousã, convidou pessoalmente todas as farmácias da área: «Trabalhem connosco, estamos abertos».


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