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30 junho 2023
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

«Descomplicar as urgências do país»

​​​​​Os testes de despiste de infeções urinárias nas farmácias ajudam utentes e descongestionam hospitais e centros de saúde.

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​A infeção urinária não é uma emergência de saúde, mas «é uma urgência para quem a tem, o incómodo é bastante grande», lembra Sandra Mendes, farmacêutica na Farmácia Monteiro, em Santa Comba Dão. Foi esta consciência, e a vontade de ajudar utentes aflitos com sintomas de cistite, que levou a farmacêutica a meter mãos-à-obra. Corria o verão de 2021, a informação sobre intervenção farmacêutica no caso de cistite, preparada pelo Centro de Informação do Medicamento e Intervenções em Saúde (CEDIME), da Associação Nacional das Farmácias, ajudou-a a «ganhar segurança» quando uma jovem utente a procurou.


​Trata-se de um teste combur simples, igual aos que se fazem nas urgências dos hospitais e centros de saúde

Foi o primeiro teste rápido de despiste da infeção do trato urinário realizado pela Farmácia Monteiro, que há 20 anos serve a comunidade de Santa Comba Dão, do outro lado do rio da aldeia do Vimieiro, onde nasceu António de Oliveira Salazar. Um teste combur simples, igual aos que se fazem nas urgências dos hospitais e centros de saúde, que em cinco minutos deteta leucócitos, nitritos e proteína na urina. Ter um rápido diagnóstico não é uma questão menor. «Atuar logo, quando os sintomas ainda são leves, evita, por vezes, a necessidade de antibiótico», adverte a farmacêutica.

Desde então, sempre que algum utente com sintomas de cistite pede aconselhamento, a farmácia propõe o teste rápido. Por regra, o “sim” é a resposta. «As pessoas querem rapidamente deixar de sentir o incómodo» e as alternativas à farmácia são morosas.


«Discreto, rápido e eficiente», diz Ercília Lopes do teste que fez na farmácia. «Fiquei com o problema resolvido»

«Discreto, rápido e eficiente», resume Ercília Lopes, que recorreu à farmácia aos primeiros sintomas de desconforto. Confirmada a suspeita, uma médica amiga prescreveu-lhe o antibiótico, dois dias depois sentia-se bem. «Tranquilizou-me muito, porque fiquei com o problema resolvido e tenho toda a confiança na farmácia», diz a professora de Inglês aposentada, que tem na farmácia dois antigos alunos. «O primeiro impulso é ir à farmácia. Há uma proximidade muito grande com o utente», garante.


Sem a Farmácia Monteiro, Ida Ferreira teria procurado um médico particular. «Não tinha outra solução»

Sem a Farmácia Monteiro, Ida Ferreira teria procurado um médico particular. «Não tinha outra solução», desabafa energicamente a «ribatejana de gema», que continua a ter saudades de touradas e forcados, apesar de 62 anos a viver na Beira Alta. Não tem médico de família, mesmo que tivesse, sabe que seria difícil arranjar consulta. As urgências hospitalares ficam a 20 quilómetros, em Tondela, uma longa distância para quem tem 84 anos e não conduz. «Se fosse ao centro de saúde, estava lá horas e não sabia se tinham médico, mandavam-me para outro laboratório fazer análises e tudo isto de táxi». Confirma que não teve receio, é também aqui que faz a vacina da gripe, e aconselha: «Fazer o teste na farmácia facilita muito. É tudo familiar».


Agilizar a prescrição do antibiótico, necessário quando o teste é positivo, é a preocupação das farmacêuticas Ana Paula Soares e Sandra Mendes

Dois dias após o teste, Sandra Mendes telefona a saber se está tudo bem. Nunca ninguém teve de recorrer às urgências depois de fazer o teste na farmácia, orgulha-se a farmacêutica. Por norma, o diagnóstico positivo apenas requer cumprir a terapêutica, só quando há outros sintomas, como sangue na urina, é aconselhada uma consulta médica. Agilizar a prescrição do antibiótico é agora a preocupação de Sandra Mendes e da diretora-técnica da Farmácia Monteiro. Em outubro reuniram-se com a diretora do centro de saúde local e «a recetividade foi boa», conta Ana Paula Soares. A ideia é que, face a um caso positivo, dito simples, a farmácia possa contactar o médico de família do utente, pedindo o envio da receita médica para o seu telemóvel ou a entrega aos administrativos do centro de saúde. «Os serviços farmacêuticos, este e outros, podem ajudar imenso a descomplicar as urgências deste país». Sandra Mendes só queria ver assegurada uma interligação eficaz entre a farmácia e os cuidados de saúde primários. Não tem dúvidas: «Seria uma vantagem enorme para o Serviço Nacional de Saúde».

 

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