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30 junho 2023
Texto de Pedro Veiga Texto de Pedro Veiga Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Além do medicamento

​​​População quer mais serviços na farmácia.​

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Monte Gordo transforma-se quando o verão termina. A maioria dos turistas regressa a casa e entrega a vila algarvia às rotinas dos residentes. «É uma zona piscatória, de população mais envelhecida, com os seus problemas de doenças crónicas, que passam muito pela hipertensão e pela diabetes, falando das mais comuns», descreve Ricardo Pereira, proprietário e diretor-técnico da Farmácia Internacional.

Ausenda Pinto, de 78 anos, encaixa na descrição. Apresenta-se como «reformada, mas ainda no ativo», porque gere «um barzinho, aqui em Monte Gordo, que está fechado no inverno e só abre à noite no verão». Meio trabalho, meio diversão, já que diz que o faz «mais para me entreter, para eu e o meu marido não estarmos sozinhos em casa». Ausenda é visita frequente da Farmácia Internacional. Diz ter a glicémia e o colesterol «um bocadinho altos, por isso, de vez em quando, venho aqui fazer o teste para saber se tenho de controlar um pouquinho aquilo que como e bebo». É uma questão de comodidade, justifica, «porque é o que tenho mais próximo. Como não sei conduzir, para ir mais longe estou dependente do meu marido, e como estou contente com o atendimento e com o serviço, continuo a vir».

Ausenda é a segunda cliente do dia a passar na farmácia para fazer a medição de parâmetros. Carlos Venâncio, de 76 anos, reformado do setor hoteleiro, faz medicação para controlar a tensão arterial e o colesterol. A ida regular à farmácia permite-lhe estar alerta para a necessidade de algum ajuste à terapêutica ou ao estilo de vida. «É uma vantagem ter um serviço de proximidade assim. Acho maravilhoso para a população local, porque é-se bem atendido e evitamos ter de nos deslocar a Vila Real de Santo António».


Ausenda Pinto visita regularmente a Farmácia Internacional para controlar a glicémia e o colesterol

A resposta da Farmácia Internacional ao esforço de testagem realizado no âmbito da pandemia de COVID-19 solidificou os laços de confiança com a comunidade e evidenciou uma rede capaz de ir além da dispensa de medicamentos e disponível para alargar a oferta de cuidados de saúde. «A farmácia é, qua- se sempre, o primeiro local a que se desloca quem tem um problema de saúde. Acaba por ser um filtro», sublinha Ricardo Pereira. O diretor-técnico considera que há uma oportunidade a aproveitar, com benefício para todos: «Pelo nosso histórico de serviço, a população confia no nosso trabalho e isso é muito importante. E a pandemia mostrou que as farmácias conseguem responder muito bem: organizaram-se, fizeram, tiveram sucesso. Porque não alargar esse exemplo?».


A testagem em contexto de farmácia permite identificar rapidamente situações de risco

Um dos testes que a Farmácia Internacional realiza deteta, a partir de uma única colheita, a presença de antigénios não só do SARS-CoV-2, mas também dos vírus Influenza de tipo A e B. Ricardo Esteves, farmacêutico-adjunto, dá o contexto: «O teste para a Influenza já existia, mas quase não era utilizado. A procura surgiu no pós-COVID e, para mim, a principal mais-valia de se poder testar COVID e gripes é uma questão de proximidade e tempo. Tenho sintomas, será que é COVID? Será que não é COVID? O que será? Eu vou à farmácia e, em 15 minutos, tenho a resposta». Ricardo fala de experiência própria, também como doente. Depois de já ter tido CO- VID-19 uma vez, voltou a ter sintomas. «Decidi fazer logo o teste combinado e, pronto, era gripe A. Fiquei a saber de imediato qual era a patologia».


Ricardo Pereira, proprietário e diretor-técnico da Farmácia Internacional, defende o alargamento da intervenção das farmácias

O exemplo de Ricardo Esteves é idêntico ao de vários utentes, que veem na farmácia um espaço para uma prestação mais alargada de cuidados de saúde, que faz medições de parâmetros bioquímicos e assegura a testagem de doenças como a COVID-19, gripe ou infeções urinárias, que está preparada para fazer a administração de injetáveis ou avaliar o tempo de protrombina, essencial para monitorizar a terapêutica oral com anticoagulantes.

 


«Eu diria que o Ministério da Saúde deveria usar mais as farmácias em benefício da população e do próprio sistema. Se esta testagem for comparticipada, massifica-se, com todas as vantagens que daí se podem retirar», defende Ricardo Pereira. «Temos urgências lotadas, gente que espera quatro, cinco horas para ser atendida, equipas médicas saturadas. Se nós, farmácias, pudermos filtrar muitos desses problemas a montante, vamos facilitar o trabalho do Ministério da Saúde e o custo vai ser bem menor do que aquele que se tem com as pessoas acumuladas nas urgências e nos centros de saúde, enquanto outras, que realmente precisam, acabam depois por não ter acesso».
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